Estamos numa daquelas situações em que é inútil discutir sobre o que se deve ou não dizer e fazer meia dúzia de dias antes das eleições. Provavelmente, o actual governo não estava à espera que o Ministério Público (MP) o brindasse com um despacho de 500 páginas sobre o caso meio esquecido do roubo de armas de Tancos no qual o PS já ficara muito mal, como é frequente suceder-lhe em matéria de ética política.

Há poucos dias foi a PGR quem veio declarar, por solicitação do primeiro-ministro, e em uníssono com os membros do seu conselho, conforme um leitor não identificado me informou, que a legislação em vigor sobre o comportamento exigido aos membros do governo perante os contratos do Estado «não devia ser interpretada de forma literal», como aliás o ministro dos Negócios Estrangeiros já declarara… Segundo o Conselho da PGR, a lei devia ser à «vontade do freguês»!

Como que em resposta a mais esta manobra jurídica na qual a nossa justiça é useira e vezeira, mais de dois anos após o roubo das armas de Tancos, três magistrados do MP acusaram duas dezenas e meia de militares e ladrões encabeçados pelo antigo ministro da Defesa de então, o qual fora entretanto despedido pelo chefe do governo, argumentando ambos nada saberem do assunto. Será necessário verificar por que razão António Costa exonerou de facto o seu ministro Azeredo Lopes, que nada qualificava aliás para ser ministro, como se viu pela forma desastrosa e, aparentemente, ilegal se não criminosa, como lidou com o caso de Tancos.

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