Não há dúvidas, já não há dúvidas nenhumas – para o Governo já e em força!

Com Mário Nogueira, os professores ganham mais 35% do que profissionais com curso superior e igual antiguidade, mas isso não o impede de lutar por mais e mais e sempre mais… Talvez 50% mais ou mesmo o dobro, porque não? Mas cuidado, camarada Mário – demasiado sucesso nesta missão pode significar crime de especulação, punido sem dó nem piedade pela taxa RR (Robles-Rio).

Não estou evidentemente a colocar em crise nem sequer a questionar o papel fundamental da educação, interpretada por professores de qualidade, bem avaliados, motivados e remunerados. Tenho-o dito, aliás, toda a vida e tenho-me batido (e continuo a bater-me) pela permanente e íntima interdependência entre as escolas e as universidades, de um lado, e o mercado de trabalho e as empresas, a economia real, do outro lado. Eu próprio exerço funções docentes há muitos anos, de forma ininterrupta.

Dito isto, façamos um pequeno exercício. Suponhamos que remuneramos todos os funcionários públicos (e, porque não?, também os privados) com um adicional de 40 ou 50%, sob a iniciativa e a batuta de Mário Nogueira. E prossigamos no caminho das progressões automáticas sem relação com o mérito, com as avaliações administrativas de “excelente”, com a contagem dos anos de serviço majorados (para compensar o incómodo) e com a redução da idade da reforma para os 55 anos devido ao desgaste rápido.

Não há dúvida de que Mário Maduro Nogueira ganhará ainda mais adeptos, conquistará maior influência e verá a agulha do manómetro do seu poder subir até ao vermelho… até ao dia em que acordarmos como a Venezuela da Europa com que tanto sonha. E assim, à fase das t-shirts estampadas com a cara do guerrilheiro Mário encimada pela boina do Che e dos porta-chaves com a efígie do educador Mário adornada pelo chapéu de Mao, seguir-se-á a fase do precipício.

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Porquê? Porque Mário Maduro e o seu séquito não sabem que não podemos gastar o que não temos (simples economia doméstica), o que é especialmente grave vindo de professores, que têm a obrigação de conhecer como ninguém a história recente deste país, que precisou de estender a mão ao FMI e recebeu, juntamente com a ajuda económica, um pacote de austeridade que tanto prejudicou as economias de empresas, famílias e… professores!

E que pobre país este, o de Mários Nogueiras perpétuos, perpétuos incendiários, perpétuos manipuladores, omnipresentes e omniscientes, que, sem qualquer contraditório ou censura públicos, arriscam propostas temerárias e irresponsáveis, destinadas a comprometer a solvabilidade do Estado, a saúde das contas públicas e, portanto – nunca é demais sublinhar -, a autonomia e o autogoverno de Portugal.

É isso que pretendem os professores? É esse o resultado com que se conformam? Não acredito. Acredito – até porque conheço pessoalmente um sem-número deles – numa classe de profissionais responsáveis, ilustrados, bem-intencionados, esforçados, competentes, briosos, razoáveis e dedicados.

Mas pobre classe esta, condenada a ser “defendida” e “representada” por esta figura. Seguramente o fazem por exclusão de partes, mas talvez vá sendo tempo de se emanciparem e de se libertarem da tutela desastrosa do Maduro Mário.