É verdade que não há maternidades perfeitas. Que toda a gravidez tem um “lado B”. Que ninguém está preparado para ser mãe. Que os desafios que um bebé coloca e tudo o mais que ele exige não dão descanso a uma mãe. Que a maternidade tem momentos muito semelhantes a uma montanha russa de emoções em que, tão depressa, se é Deus, diante de tudo aquilo que um bebé oferece como se desce a muitos períodos de uma imensa solidão. Que, durante meses e meses, se deixa de saber o que é dormir uma noite de seguida.
Que o cansaço da maternidade vai para além de tudo aquilo que se podia imaginar e que, às vezes, quando se está perto do colapso, ele se agiganta e não pára de aumentar. Que o isolamento, durante a semana, e a falta de privacidade, ao fim de semana, criam um sentimento permanente de se estar bem com quem se não está. Que uma relação conjugal se constipa toda com um bebé e que, muitas vezes, aquilo que era uma ligação amorosa se vai fraternizando.
Que, ao mesmo tempo que se ganha um bebé, se podem “perder” os pais ou deixar de se ter uma família, tais são as decepções que se acumulam que, na maior parte dos casos, começam pela “falta de apoio”, e se aprofundam com leves omissões e com pequenos-nada. Que a sexualidade de um casal passa a ter, durante muito tempo, uma agenda tão extraordinária que, quando se dá por isso, a espontaneidade parece ter-se extraviado dos gestos de desejo e de paixão mais elementares, a ponto de parecer que há uma sexualidade antes do bebé e outra depois do bebé que se desencontram, na maior parte das vezes.
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