Muito recentemente, Liah Greenfeld publicou um livro breve mas muito interessante: Nationalism: a Short History. A autora, que muito (e muito originalmente) tem escrito sobre o assunto, faz uma viagem pelo nascimento e características de cada nacionalismo e demonstra que há caminhos diversos para a materialização desta ideologia que é particularista de origem, mas não necessariamente exclusivista, como tem sido veiculado desde o ressurgimento deste fenómeno na Europa e nos Estados Unidos.

Há, no entanto, dois elementos comuns a todos os nacionalismos. Estão intimamente relacionados. São a dignidade da nação (sendo a nação o conjunto de indivíduos com identidade comum e sentido de pertença a um determinado território) e o facto de a dignidade da nação se medir em termos comparativos com outras nações – o grau de prestígio internacional. Assim, o nacionalismo não é só matéria ideológica interna. Diz também, e de forma direta, respeito às relações entre os estados. Assim, por um lado, o nacionalismo é um motor de desenvolvimento interno e afirmação internacional; por outro, também é fonte de competição, portanto, um tendencial gerador de conflitos – especialmente quando o estado nacionalista está em fase de emergência no sistema mundial.

O que torna os nacionalismos diferentes uns dos outros é a tipologia. Para Greenfeld há três: o individualista e cívico, que nasceu na Inglaterra e se desenvolveu nos Estados Unidos; o coletivista e cívico, filho da Revolução Francesa; e o coletivista e étnico, oriundo da Rússia dos Czares. Quatro elementos caracterizam este último: (1) É implementado de cima para baixo, ou seja, fabricado pelas elites e disseminando pela população; (2) a nação é una e indivisível, não se pode adquirir nacionalidade, porque esta é conferida por nascimento, mas também não se pode abdicar da mesma; (3) a comunidade é o centro do nacionalismo, sendo que o indivíduo só existe porque é parte do todo comunitário; (4) é um nacionalismo que se alimenta do ressentimento em relação às outras nações e, como consequência, é profundamente competitivo, e mesmo revisionista internacionalmente, quer em termos políticos, quer em termos normativos.

Este artigo é exclusivo para os nossos assinantes: assine agora e beneficie de leitura ilimitada e outras vantagens. Caso já seja assinante inicie aqui a sua sessão. Se pensa que esta mensagem está em erro, contacte o nosso apoio a cliente.