Quem acompanha o percurso de Jane Goodall, a cientista que revolucionou o estudo dos primatas, já a ouviu certamente dizer que “é impossível passar um único dia sem ter um impacto no mundo ao nosso redor”. É sabido que as mudanças ambientais naturais, como os terramotos, o aumento da temperatura e consequente degelo têm vindo a aumentar drasticamente. No entanto, é também evidente que o homem tem tido a sua quota-parte nas alterações da natureza, nomeadamente através da utilização de terrenos selvagens para urbanização, para a indústria ou para o cultivo intensivo.

Por consequência, o equilíbrio dos sistemas essenciais para a vida vê-se, assim, interrompido e, embora a natureza tenha uma resiliência notável, não tem tempo suficiente para recuperar e, como tão bem afirma David Attenborough, “é nossa responsabilidade fazer tudo ao nosso alcance para criar um planeta que forneça um lar não apenas para nós, mas para toda a vida na Terra”. Nunca é demais relembrar que não são apenas as espécies individuais que se veem ameaçadas, mas sim todo o planeta.

A conservação da natureza é, portanto, mais importante do que nunca. Contudo reconhecemos que não é tarefa fácil e que envolver as pessoas e as comunidades na preservação de espécies exige conhecimento e proximidade da natureza, dos animais, da terra, do ar e do mar.

Diz-nos a nossa experiência que defendemos melhor aquilo que nos é próximo e conhecemos e, por isso, os parques zoológicos têm um papel tão importante nesta tarefa de nos envolvermos a todos num manifesto só: defender e preservar a natureza. Os zoos permitem às populações que os visitam conhecer espécies animais – que em muitos casos existem apenas no imaginário ou são até desconhecidas – e observar como os animais se movem, alimentam e interagem com membros da mesma espécie.

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Como complemento a esta proximidade, os zoos têm também a enorme responsabilidade de ensinar a sociedade o importante valor das espécies animais e vegetais para o equilíbrio da biodiversidade na Terra, na esperança de a sensibilizar e envolver na preservação e conservação das espécies para as gerações seguintes.

Ora, se biodiversidade é essencial para a vida na Terra, é preocupante sabermos que, todos os dias, centenas de espécies caminham para a extinção. Segundo a UICN (União Internacional da Conservação da Natureza), das quase 129 mil espécies monitorizadas por esta organização, mais de 35 mil encontram-se ameaçadas de extinção e, destas, quase 8 mil correm sério risco de desaparecer. Percebe-se a urgência de cuidar, preservar e defender o nosso planeta como um todo, certo?

Sabe-se que, desde 2004, a procura na internet por temas ligados à conservação tem aumentado substancialmente. Segundo dados da Google, cada vez se pesquisa mais por temáticas como alterações climáticas, biodiversidade, espécies ameaçadas, extinção ou aquecimento global.  Este estudo mostra que a preocupação das pessoas sobre a sobrevivência e o estado de saúde do nosso planeta é uma inquietação cada vez maior, mas, de todas elas, quantas passarão ao passo seguinte, na direção de o conservar?

Esta é a dúvida que se impõe: como fazer a diferença? Tudo começa na nossa atitude, nas nossas escolhas, nos nossos comportamentos, nas nossas mensagens, nas nossas conversas, nas nossas decisões. Em termos práticos, só o facto de nos importarmos e de falarmos sobre o assunto, sensibilizando outros, alertando colegas, amigos e família para o tópico, já estamos a conservar! Ao interessarmo-nos por uma espécie e apoiarmos alguma instituição que a preserve, estamos a conservar! Ao visitarmos um espaço, como zoos, onde se trabalhe para a manutenção, reprodução e continuação de espécies geneticamente puras do mundo, estamos a conservar! Ao fazermos compras mais sustentáveis, repensando as nossas escolhas e estilo de vida, reduzindo o consumo e procurando amenizar o nosso impacto no planeta, estamos a conservar!

Todos temos um papel na conservação do planeta onde vivemos e tanto adoramos. Cabe a cada um de nós mantê-lo e assegurar a não extinção de todas as espécies, incluindo a humana. Segundo as Nações Unidas, somos mais de 7,7 biliões de pessoas na Terra. E se apenas 1% ou 2% das pessoas do mundo abraçassem o tema e se dedicassem mais à conservação no seu dia a dia? Em que modo sustentável e saudável poderia já estar o nosso planeta? É tarde? Nunca é tarde para melhorar!