Sim, a ideologia de Trump não é nova na direita americana. Pat Buchanan candidatou-se com muito do que Trump defende, incluindo a promoção do populismo de direita. Mas, lá está, Pat Buchanan foi enxovalhado nas primárias republicanas de 1996. Há vinte anos a direita americana não era o monstro que é hoje.
Por isso é conveniente lembrar que não, Trump e o trumpismo não eram inevitáveis. Sem o caudilho Trump para agitar ressentimentos e ódios (o pior da natureza humana é sempre explorado pelos caudilhos populistas), provavelmente não estaríamos a assistir a espetáculos indecorosos de grosseria reiterada de Trump com os seus aliados ocidentais. Nem sequer a vitória de Trump era previsível e inevitável. Faz lembrar o lapso da vitória de Zapatero, que chegou ao poder ao colo do atentado terrorista de Atocha a poucos dias das eleições. Trump, com a ajuda cada vez mais evidente dos russos, nem conseguiu ganhar o voto popular à odiada Hillary Clinton.
Mas importa sobretudo lembrar que o partido republicano podia, não fora este caudilho, ter ido por outros caminhos. Em 2008 o candidato foi um John McCain favorável a uma política de imigração generosa. Depois de 2008, uma das esperanças para o futuro do partido era Bobby Jindal, governador da Louisiana que acumulava ser católico e filho de imigrantes indianos. (Agora, recorde-se, grandes porções do GOP defendem que se aceite apenas a imigração branca nos Estados Unidos.) Jindal só deixou de ser esperança para as eleições em 2012. Mas não pela sua pele escura e ar indiano. Infelizmente era pouco empolgante a fazer discursos, não entusiasmava a plateia e isso, sim, apagou-lhe a estrela.
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