Teve por fim oficialmente início a campanha eleitoral para o Parlamento Europeu, no rescaldo da falsa crise ensaiada pelo autor e encenador político António Costa.
A poucos dias das eleições, é realmente uma lástima que o povo e as televisões queiram sempre mais do mesmo.
Os candidatos – numa lufa-lufa – a disputar o campeonato do maior número possível de quilómetros papados ao dia e a descer em comitiva as inevitáveis “arruadas” barulhentas, na distribuição de panfletos de campanha, agendinhas e canetas da sigla partidária ou a atravessar mercados para meter conversa da treta com peixeiras e vendedoras de fruta.
A seguir é a tortura dos almoços e jantares de autênticas saunas, para despachar o inevitável combinado do lombo de porco + Sumol e vinho da casa para entreter apoiantes e o “discurso” possível do dia, mais gritado que falado para animar as hostes.
De ideias e projectos, não é possível falar.
De metas concretas e compromissos específicos contabilizados nem pensar.
Ninguém quer realmente saber o que é que os partidos propõem.
Porque é que os candidatos realmente se candidatam.
Para que servem?
O que é que fizeram no anterior mandato?
Tudo em Portugal se vai modernizando ou reformando inevitavelmente.
Da estrutura do mercado de trabalho, à generalização dos ATMs, da sofisticação das grandes superfícies à Via Verde, da universalização da net aos smart phones, a explosão das redes sociais.
Parece que só a política e os partidos se mantêm iguais a si próprios, orgulhosamente estáticos.
Impávidos, a ver passar tudo o resto.
Num discurso e numa prática que de tão velha e tão má não se acredita.
O século XIX em camisa.
As pessoas acabam por assistir com mais ou menos gozo a esta parada das campanhas, porque é como a Volta a Portugal em bicicleta ao passar na terra.
Não se cobra bilhete, pode ser que algum atleta se estatele no asfalto, há barulho e luzes que bastem.
Mas é um espectáculo de luz e som deprimente e absolutamente irreal, de tão comezinho, falso e medíocre.
Muitas pessoas parece que gostam.
Portanto a realidade deve estar errada.
Há que fazer muito mais, muito melhor e muito diferente.
E só nessa altura é que se pode pensar em ganhar Portugal a sério.