Li algures que o maior erro político da administração colonial inglesa na Índia foi ter querido agradar a todos, pelo que não agradou a ninguém.
Creio que é verdade que governar bem, ou seja, governar tendo em vista o bem comum, não é o mesmo que querer agradar a todos (parecendo o mesmo).
Aliás, não se governa para agradar.
Isso é para as clientelas.
Dessa pecha não tem por onde fugir o governo da actual geringonça de esquerda, que essencialmente gere o Estado para os pensionistas e reformados e para os funcionários públicos.
E já agora, para os que não querem melhorar Portugal.
O governo do país para uns contra todos os outros.
Isto por dizer que o CDS não pode cair em nenhuma tentação imobilista e oligárquica se um dia quiser voltar ao governo.
O CDS tem realmente de governar para o bem comum.
O que começa por ter de assumir-se politicamente por aquilo que é sem ambiguidades (deixemo-las para o PSD).
O CDS é um partido personalista, democrático e patriótico cuja história, programa, estatutos e visão partilhada da vida e da política o colocam à direita do centro.
Um partido que tem de saber identificar no seu discurso político de forma simples, clara e objectiva aquilo que defende e projecta para Portugal (que vê como um todo num continuum histórico).
Que não encara a União Europeia como uma fatalidade unicista mas como uma oportunidade de convergência voluntária de esforços de Estados-nação autónomos e independentes em vista de um maior desenvolvimento/crescimento social e económico de todos partilhado em liberdade, segurança e paz.
Que defende o mercado livre , a reforma do Estado, a descentralização e a desregulamentação da economia (e explica como).
Que afirma a liberdade pessoal e o direito à propriedade.
Que rejeita o imobilismo classista e a igualdade coletiva imposta seja por quem for e pretende recompensar o mérito pessoal, a iniciativa e o espírito empreendedor.
Um partido do mérito que luta contra a uniformidade social e a mediocridade.
Só dessa forma poderá o CDS captar a atenção do País e de demasiados abstencionistas (novos e velhos) que se têm colocado fora da solução.
Mas não basta conjecturar e propor, a acção também é indispensável.
Pelo que resta como um ponto crucial saber se o CDS estará apto, quando no governo, a agir em conformidade com o que mobiliza e propõe em teoria.
Se ousará governar e, portanto, se realmente ousará reformar.
Da resposta a esta pergunta depende tudo.
O futuro do CDS e o de Portugal.

Miguel Alvim é advogado e membro da Comissão Política Nacional do CDS

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