“(Economia) é o estudo da utilização de recursos escassos que têm usos alternativos”
Lionel Robbins

Dinheiro! Dinheiro! Dinheiro! Enoja-se o ambientalismo sempre que se fala de economia, ignorando que nesta discussão, o dinheiro se resume a uma forma simples de evitar que o merceeiro pague ao canalizador com batatas e receba o troco em parafusos. Desenvolvimento sustentável é sinónimo de crescimento conjunto das vertentes económica e social, havendo riqueza para acolher, entre outras preocupações, ao ambiente.

Afinal de contas, todos nós queremos comida, roupa, medicamentos, um transporte, um meio de comunicação, mais agora para nos distrair na quarentena, ou para a telescola dos miúdos, nem que seja para uma aflição. Ora tudo isso exige riqueza.

E para quem precisa é não pode — os idosos, os pobres, os doentes? Mais riqueza é necessária.

E para combater a Covid-19? Os nossos heróis, os hospitais, as luvas, as máscaras, os ventiladores, a medicação? Ainda mais riqueza.

E no pós-pandemia, para combater o desemprego e a pobreza? Pois… Ainda mais.

E em cima de tudo isto, para proteger o planeta, substituindo energias fósseis, investindo na investigação, etc? Claro, mais riqueza é necessária.

Não questionando os motivos e preocupações, puros e genuínos, certamente que ninguém quereria ter que lidar com perda de filhos por doenças, alimentos estragados, lixeiras a céu aberto, águas inquinadas. Mas era esta a realidade portuguesa, não há muito tempo. Os nossos hospitais, a nossa rede de água, de esgotos, de recolha de lixo, etc., custaram muito dinheiro. E se queremos ainda mais não será fácil fazer com menos…

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Entretanto um vírus virou o nosso quotidiano do avesso, fechando-nos em casa. Lá fora, um pouco por todo o lado, a natureza desponta, reclama o espaço vazio de gente. As deslocações minguaram, a produção idem, o ar purifica-se, as emissões de GEE cumprem o Acordo de Paris.

O ambientalismo radical, com a extrema-esquerda a reboque, apressa-se a colher louros: bem tinham avisado que era necessário decrescer. Troçam de uma das necessidades mais faladas do momento — a crise económica que se está a abater. Ironizam questionando qual é a crise de, ao contrário do consumismo criticado ainda há pouco pelo Ministro do Ambiente, estarmos a consumir apenas o necessário.

Saltando sobre a desgraça humana que ignoram, para não entrar em caminhos éticos, a pergunta é infantil. Acreditam mesmo em promoções de supermercado? Quando virem um produto ‘pague 1 leve 2’, experimentem levar só o que é de graça. A saúde não tem preço, diz-se. Significa isso que o médico, o medicamento, o hospital, a ambulância, são todos de borla? A rádio, este artigo de jornal, são de borla? Ou tudo isto pagamos indiretamente, enquanto consumidores, contribuintes, membros do sistema económico?

A riqueza cria-se quando as pessoas trabalham em coisas úteis umas para as outras, e é essa riqueza que paga ambiente, saúde, educação, policiamento, etc., etc.

Não há almoços grátis, porque foi precisa comida, energia, utensílios, tempo e esforço humano para cozinhar.