Neste dias em que a ansiedade pode inquietarmos, em que o medo pelos nossos se pode apoderar de cada um de nós, em que o nosso receio esta bem mais presente do que a aquilo que alguma vez pensamos ao ouvirmos falar, pela primeira vez, dos dias sobressaltados que então se viviam na China.

Nestes dias de agora, mais que nunca percebemos, e coletivamente, o valor da vida e o medo de a perdermos de uma forma tão desconcertante.

Nestes dias, que são também de solidariedade, de apoio mútuo, de entreajuda, houve já manifestações de carinho e de apreço pelos profissionais de saúde.

E de forma muito justa se prestou essa homenagem a quem está à cabeceira dos doentes e, nestes difíceis dias, dá mais uma vez provas daquilo que são os valores de entrega ao próximo que caracterizam os profissionais do nosso Serviço Nacional de Saúde.

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Mas, verdadeiramente, o aplauso que todos queremos é saber que cada português está consciente dos riscos que corre nesta Pandemia. É saber que cada português adota, de forma disciplinada, os conselhos das autoridades de saúde. E, assim, se protege, protege a sua família e protege os seus amigos de sempre.

Este é o aplauso que todos queremos.

Saber que os profissionais de saúde não são postos em risco gratuito pelo egoísmo de uma displicente saída à rua, pela inconsciência de uma almoçarada feita um pouco às escondidas, pela indiferença de quem não quer saber de si e dos outros.

O aplauso que todos queremos é saber que cada português se preocupa com cada português, que cada jovem se preocupa com os seus avós, que cada avô ou cada avó se preocupa com os seus vizinhos. Que as gerações estão unidas e se protegem na consciência dos riscos que lhe são específicos.

O aplauso que todos queremos é que cada comerciante se preocupe com a comunidade dos seus clientes e, se pode manter a sua atividade comercial, seja o primeiro a zela pela segurança sanitária dos seus clientes. Até para os manter no futuro próximo.

Muitos homens e muitas mulheres vão trabalhar sem descanso. Sem verem os seus. Sem irem a casa. Sem apego à sua vida para que a vida de outros prevaleça para além da pandemia que nos cerca.

Muitos homens e muitas mulheres vão dar o melhor de si a todos. Prestando cuidados de saúde em situações de enorme pressão, de enorme desgaste físico e desgaste emocional.

Não é justo que estes mesmos homens e estas mesmas mulheres sejam levados ao extremo das suas capacidades porque nós não levámos a sério as recomendações das Autoridades de saúde. Não nos auto-isolámos. Fomos todos os dias à rua. Fomos todos os dias à padaria. Fomos todos os dias passear o nosso cão com mais dois ou três amigos, em vez de irmos sós e por escassos minutos.

O aplauso que todos queremos é não perder ninguém por razões estúpidas, egoístas ou inconscientes.

Mas o grande aplauso, agora, é a VIDA.

É à capacidade de a preservarmos porque fomos unidos, solidários e responsáveis perante nós próprios e perante todo um serviço público de saúde que existe para estar sempre do nosso lado, mas pedindo-nos o favor que cada um de nós também esteja do lado da Vida e seja capaz de a preservar com gestos simples.

Simples, mas que agora podem valer a nossa própria vida.