Os bobos da corte sempre serviram para entreter os salões do poder, deixando o Rei e os seus ministros à vontade para governarem a seu bel-prazer, enquanto a opinião pública de então, a corte, se entretinha com as patetices do bobo.

Dos bobos da corte não reza a história, não sabemos os seus nomes. Não sabemos se eram casados, nem se as suas mulheres também ocupavam o seu lugar na corte. Era assim que funcionava e estava bem assim, num tempo em que o poder era absoluto, não havia eleições e o povo não tinha direitos, só deveres.

António Costa, vá-se lá saber porquê, julga que voltámos ao tempo dos poderes absolutos e decidiu entreter-nos com o seu bobo. Esqueceu-se que o seu poder não é absoluto, nós não somos a corte e o poder que tem é-lhe conferido pelo povo através do voto. Ou será que não se esqueceu e estamos mesmo no tempo do poder absoluto de António Costa?

Algo de muito estranho estará a acontecer neste país para continuarmos a pagar o salário ao bobo da corte e, de caminho, ainda assistirmos à promoção da sua mulher para fazer de conta que regula o sector que tutelou e fiscaliza o governo do bobo, seu marido.

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Mas se não estamos no tempo da outra senhora, como é que isto é possível? Não é fácil de explicar, mas é fácil de perceber. A direita imigrou para parte incerta e não se sabe se quer voltar. A esquerda foi domesticada por António Costa e aceita a condição de aprovar tudo em troca de umas migalhas. O povo olha para isto tudo e escolhe um de dois caminhos: a abstenção ou o extremismo. E os governos vão sendo eleitos com cada vez menos votos, sendo que esses votos são sobretudo dos que dependem do Estado.

Mas a grande diferença dos tempos atuais para os tempos antigos é a garantia de que os vários poderes existem para corrigir os desequilíbrios do poder. Em 2021 o país votou no Presidente da República. Marcelo Rebelo de Sousa pode queixar-se de não ter oposição. Pode dizer que não tem poderes executivos. Mas tem o poder da palavra para escolher um de dois caminhos. Ou usa a estratégia que usou com Constança Urbano de Sousa e exige a demissão de Cabrita em direto no telejornal. Ou usa a estratégia de Jorge Sampaio, chama António Costa a Belém e exige a demissão do bobo. Sampaio fez isso a Guterres e Armando Vara foi mesmo obrigado a sair do Governo.

Possível é, é só preciso ter coragem. É para isto que elegemos um Presidente da República. Livre-nos do bobo antes que António Costa promova o resto da família.