“Um bom compromisso é aquele em que todos contribuem”
Angela Merkel 

Angela Merkel sairá da cena política dentro de poucas semanas, ao fim de 16 anos como Chanceler alemã. Aquela que foi a única mulher a ocupar o mais alto cargo de governo alemão, vinda de um leste com resquícios comunistas e ainda estruturalmente subdesenvolvido em comparação com a sua congénere ocidental, deixa-nos, invariavelmente, grandes lições e grandes ensinamentos, quer políticos, quer humanos.

Com todos os seus erros ou acertos – a história fará esse julgamento, nós em Portugal, e nomeadamente no CDS-PP, deveríamos aprender com esta simples frase que tão bem ilustra o seu pensamento político, a sua doutrina mas, acima de tudo, a sua postura na política e na vida e que deveria ser o denominador comum para o futuro que se quer construir para o CDS-PP.

Num momento tão importante, agora que se aproxima o nosso XXIX Congresso, a frase de Ângela Merkel, “Um bom compromisso é aquele em que todos contribuem”, terá de ser o nosso foco – de todos os dirigentes e militantes.

O jogo político e a política que acontecem no dia-a-dia dos partidos ou dos governos não é estanque, não está previamente definida ou gravada em pedra, nem aparece num manual ou numa qualquer “to do list”, que o líder partidário ou governante pode seguir com afinco. As ideias mudam, os objectivos também, os protagonistas têm de fazer opções e os erros do passado podem ser as melhores lições para o futuro.

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Este pensamento, por mais que seja uma “lapalissada”, aplica-se também aos militantes e aos eleitores dos partidos. E o CDS-PP não é exceção.

Sou um homem de carácter e não falho aos meus. Mas, para mim e para tantos como eu, a primeira lealdade política é para com o CDS-PP. Para com o partido que é um dos fundadores da democracia portuguesa e que é fundamental para o equilíbrio democrático em Portugal. A ideia de “facções” não faz parte da minha postura na vida.

Sei bem da importância dos próximos meses para o meu partido, mas há coisas que não compreendo e com as quais tenho dificuldade em lidar e não me revejo de todo nelas. Não compreendo o seu objetivo, nem me parece que tenham resultado positivo seja para quem for. O ataque gratuito e constante e a diminuição de quem tem responsabilidades só nos enfraquece.

O Partido só se fará grande e proeminente para o futuro se discutirmos o “Projeto e a Alternativa” que o CDS tem para apresentar ao País, após o próximo congresso.

Os portugueses só nos podem respeitar se tivermos a capacidade de dialogar e de nos respeitar uns aos outros primeiro. Ninguém confiará o voto a um partido que vive em permanente desalinho. Hoje, poucos são os que olham o CDS pelas suas palavras. Somos olhados e comentados pela incapacidade que temos em trabalhar juntos.

É momento de ter a responsabilidade e a consciência que é este o tempo de unir e não destruir, de construir uma alternativa de Direita com a modernidade e a contemporaneidade que a realidade do século XXI nos obriga, sem olhar permanentemente para trás.

Temos de construir um programa, um projeto e um plano estratégico com causas e ideias que sejam motivadoras e possam empolgar os jovens – que são os eleitores de hoje e os líderes de amanhã, sem esquecer os mais velhos ou o interior do país. Ter um discurso positivo, motivador e abrangente e que seja focado nos reais problemas dos portugueses, e não em questões fraturantes ou em conversa de café. Ter uma mão cheia de bandeiras que sejam determinantes, para identificar o partido junto do nosso eleitorado. Ter uma comunicação inteligente, hábil e com influência.

Queremos um partido capaz de ter voz numa futura alternativa de governo e para isso é necessário também restruturar o partido internamente, seja nacionalmente seja nas estruturas locais. Não há que ter medo, nem titubear, o passado é o alicerce do futuro.

Temos de ser capazes de criar novas lideranças, mas também trazer para dentro do partido lideranças nacionais e regionais, independentes que se revejam ou possam rever no discurso do partido e que colaborem na elaboração de uma nova estratégia, de uma verdadeira alternativa ao poder socialista.

Só assim, com paz, foco, equipa, união, ideias, projetos, trabalho e com vontade de vencer, poderemos definir um novo rumo, tendo a humildade suficiente de aprender com os erros do passado, dando o passo em frente na direção certa.

Esta pequena nota sobre as próximas eleições internas no CDS-PP obriga-me, a refletir também naquilo que é o que eu espero ouvir seja do incumbente seja do “challenger”: uma ideia para a Direita! Uma alternativa para Portugal e uma alternativa ao governo Socialista.

Acima de tudo o que a Direita ainda não tem é um Projeto Alternativo para Portugal, portanto digam ao que veem agora que o palco é vosso.

Tudo o que não seja isto, não é nada! Não acrescenta, diminui e enfraquece o CDS. E o enfraquecimento do CDS é também o enfraquecimento da democracia e de Portugal.

O CDS-PP é tão necessário agora, como o foi sempre. O nosso compromisso é para com Portugal e só poderá ser bom, se todos quiserem contribuir.