Cisne Negro é o título de um livro de Nassim Nicholas Taleb, lançado em 2007, que aborda a forma como lidamos com eventos improváveis, como avaliamos o contexto e tomamos decisões. Um “Cisne Negro” é um acontecimento de impacto desproporcionado, que não temos a capacidade de prever e que resulta num enviesamento psicológico que nos leva a não ver ou a não querer ver a importância decisiva do mesmo. Esta terceira característica é a que nos leva a desejar que tudo volte a ser como era antes. Desde o início desta pandemia que ansiamos pelo momento em que ela acaba, como se isso fosse acontecer de um momento para o outro, como se resultasse da ação de um qualquer interruptor.
Esta ânsia para que tudo volte a ser o que era é uma reação natural. Os nossos hábitos são os nossos refúgios de sobrevivência. No fundo, gostamos pouco de surpresas, especialmente daquelas que nos tiram das nossas zonas de conforto. Contudo, é exatamente fora das nossas rotinas que mais aprendemos e que mais evoluímos.
A pandemia reforçou a necessidade de as empresas serem inventivas para se adaptarem, quer nos casos em que o seu negócio está seriamente a ser posto em causa, como nos casos em que há oportunidades de curto prazo que têm de ser aproveitadas. Nestes doze meses evoluímos mais na digitalização das empresas do que nos anos anteriores. Quantos de nós começámos a comprar online nos últimos meses? Quantos negócios se adaptaram às entregas em casa?
Recentemente, verifiquei que uma marca de automóveis lançou um serviço que disponibiliza a compra do veículo de uma forma totalmente digital, incluindo a entrega do mesmo em casa do proprietário. A mesma experiência tive com um banco que alargou o serviço de homebanking, permitindo agora realizar online uma operação que normalmente me obrigaria a deslocar-me e a assinar dezenas de papéis. Tudo isto poderia estar nos planos de desenvolvimento das empresas, mas só foi possível porque houve uma pandemia que veio acelerar esta transformação.
Esta pandemia pode ser uma oportunidade para inovação e mudança, que nos levará a um mundo melhor. As empresas têm uma grande oportunidade e responsabilidade neste aspeto. Muitos dos seus processos de interação com os seus clientes, fornecedores e com os seus colaboradores podem ser melhores, no futuro, no sentido de criarem mais valor para todas as partes.
Os primeiros passos foram dados e as soluções foram criadas. As questões que se colocam são: tornar-se-ão estas soluções num novo hábito? O que vamos fazer para garantir que desta adversidade nascem novas oportunidades?