Profissionalismo. É a palavra que me ocorre para qualificar a decisão do Presidente da República e do Primeiro-Ministro de cancelaram viagens ao estrangeiro para ficarem em Portugal a acompanhar as questões dos incêndios. Profissionalismo. Ou cagufa. Enfim, na prática não interessa se tivemos um vislumbre do primeiro, ou uma pouco surpreendente manifestação da segunda. O que interessa é que Marcelo e Costa coincidiram na tomada de uma boa decisão. O que é de assinalar, pois creio tratar-se de um estreia desde que ocupam os respectivos cargos.

A decisão de Costa não ir a Moçambique e Marcelo não ir a Nova Iorque acabou por nem ser muito complicada de tomar. Teria sido muito mais doloroso caso fosse Marcelo a abdicar de uma visita com o intuito de estreitar os laços diplomáticos da sua pança e seios com as praias de águas quentes de Moçambique. Sendo a visita a Nova Iorque acredito que não estivesse na agenda do Presidente da República exibir-se apenas de shorts em Times Square ao lado do Naked Cowboy. Acho eu, que não percebo nada destas coisas do protocolo.

Agora, quente, quente não é a água em Moçambique. Quente, quente está mas é, por estes dias, o ar em Portugal, tantas vezes confundido com uma nação africana. O braseiro levou a CP a aconselhar os passageiros a viajarem às horas de menos calor, por não poder assegurar condições de conforto nos seus comboios. Sim, é verdade. A CP ainda não conseguiu dominar a arte do condicionamento do ar. Mas também, que diabo, trata-se de uma invenção recente, a do aparelho de ar-condicionado. É coisa para ter, quê?, pouco mais de 100 anos.

Mas enfim, a sensação de surpresa face à tomada de posição da CP quanto ao calor não teve sequer tempo de – lá está – aquecer. Porque, em menos de nada a gestão da CP terá pensado: “Ops. Esta história de convidarmos os clientes a não usarem os nossos serviços por sermos incapazes de manter em funcionamento tecnologia de refrigeração inventada vai para mais de um século, ainda por cima a bordo de um meio de transporte cujo primeiro exemplar data de 1804, é um bocado vergonhoso. Vamos mas é antes fazer greve, que isso ninguém vai estranhar.” E foi desta forma que nasceu mais uma paralisação dos comboios em Portugal. Que me levou a fazer umas contas rápidas e a concluir que a aposta do Governo socialista na ferrovia é 13,7 vezes menos provável ser vencedora que uma aposta no Euromilhões com uma chave da máquina.

O que ninguém nega é que têm estado uns dias mais para o morninho. E terá sido isso que levou à mudança do Festival Super Bock Super Rock da zona do Meco para o Altice Arena, devido ao perigo de incêndio. Não sendo eu um especialista em incêndios, nem em arenas, nem em Meco, nem em rock, nem em Super Bock, nem em festivais, considero uma péssima opção. Devia manter-se o evento ao ar livre. Precisamente por causa dos incêndios. Mas para os evitar. Como? Apostando no facto de algumas das inúmeras danças parvas a que sempre se assiste nestes certames ter, por coincidência, passos em comum com a dança da chuva. Promovendo assim copiosa precipitação, que extinguiria o perigo de fogo antes mesmo de ser necessário extinguir qualquer fogo. Agora, com o evento dentro do pavilhão como é que os deuses da chuva assistem às danças da chuva? Não faço ideia, porque não sou especialista em teologia.

No meio de todo este quentinho, dá-se a bizarria de, nesta semana de Julho, o Algarve ser a região mais fresca do país. O que é mais uma razão para eu não alinhar na histeria da “emergência climática”. Porque daqui resulta óbvio que o clima não está nem “louco”, nem “descontrolado”, nem “imprevisível”, como alvitra tudo o que é Greta. Nada disso. O clima está simplesmente sarcástico.

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