A guerra comercial entre os Estados Unidos e a China entrou numa fase de tréguas com a assinatura da “fase 1” do acordo comercial entre Washington e Pequim na passada quarta-feira. É exagerado o otimismo de quem acredita que, assinada a “fase 2”, as hostilidades económicas entre os países se encerram. Há uma forte possibilidade que esta guerra não tenha sido apenas uma redefinição dos termos do comércio entre as duas partes. Que tenha sido, antes, uma forma de conflito de transição de poder. E se assim for, este desanuviamento são apenas tréguas numa tensão que veio para ficar por tempo indeterminado.
Já há poucas dúvidas que o sistema internacional entrou numa fase de transição de poder. Os Estados Unidos da América estão em declínio relativo, retendo ainda o estatuto de maior potência, enquanto a China está em plena ascensão. Sempre que há uma disjunção de poder deste tipo, os estados envolvidos tendem a entrar em conflito. Ou porque o estado que perde poder quer travar o que ganha, antes que seja demasiado tarde – o que será o caso desta guerra comercial, ou porque o estado que está em ascensão vai desafiar o rival para se estabelecer como o mais poderoso na hierarquia das relações internacionais.
Se esta ideia pode parecer uma premissa teórica sem relações com o mundo real, vamos a números. Graham Allison, professor de Harvard que se dedica a estes temas, explica que nos últimos 500 anos houve, ao todo, 16 casos semelhantes ao que vivemos hoje. Em todos houve algum tipo de conflito; em 12 dos 16 casos, o antagonismo degenerou numa guerra que acabou por clarificar que estados ficariam ao comando do sistema internacional. Há dois exemplos muito vivos no nosso imaginário coletivo: a Grande Guerra e a II Guerra Mundial.
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