O crescimento das ideias e partidos políticos extremistas (direita ou esquerda) na Europa e no mundo, não é de agora, nem tão-pouco um problema atual.

No pós I Guerra Mundial, os EUA viveram um período de grande prosperidade e desenvolvimento económico, muito por força da inovação tecnológica, aumento da produção agrícola e crescimento financeiro. Período de grande consumismo e especulação bolsista e que resultou na chamada crise de 1929, após a “ quinta-feira negra”, dia conhecido pelo crash na bolsa de Wall Street, em Nova Iorque. Milhares de bancos e empresas faliram, o desemprego aumentou assustadoramente e o consumo diminuiu drasticamente.

A crise americana, conhecida por Grande Depressão, mundializou-se e trouxe graves consequências ao Globo, uma vez que a economia norte-americana era dominante, os seus capitais proliferavam por todos os países e a sua produção era praticamente metade da produção mundial. Ou seja, a Europa estava muito dependente dos EUA. Seguiram-se as inevitáveis consequências sociais decorrentes de um forte aumento do desemprego que afectou todas as classes sociais.

No início da década de 30, em resultado das inúmeras falências de bancos e empresas, da quebra de produção ao nível da indústria e comércio, o desemprego nos EUA e na Europa (Grã-Bretanha e Alemanha) atingiu níveis nunca vistos, levando milhares de pessoas à mendicidade.

Os problemas sócio-económicos criados pela Grande Depressão, colocaram em causa os Democracias Parlamentares. Gerou-se um clima de conflitos sociais, protestos e greves, ambiente favorável ao aparecimento de grupos extremistas que capitalizaram a seu favor, o descontentamento popular. O racismo e xenofobia cresceram, ao mesmo tempo que os partidos extremistas responsabilizavam os partidos demo-liberais pelos malefícios da crise.

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Poder-se-á dizer que a Grande Depressão provocou um generalizado descrédito no sistema capitalista democrático-liberal, enquanto as ditaduras foram crescendo, principalmente na Europa, durante os anos 30.

Hitler, Mussolini e tantos outros, não são fruto do acaso. Basta perceber o caso Alemão. Em 1933, a frágil República de Weimar, tinha 6 milhões de desempregados, reinava a descrença e naturalmente que o principal beneficiário desse descontentamento foi o partido nazi que um ano antes, através de eleições, chegou ao poder pela mão de Adolf Hitler.

O resto também é conhecido e resultou na Segunda Guerra Mundial.

E o presente? Será que aprendemos com o passado?

Os portugueses são pioneiros da globalização, no seu primeiro momento, muito à custa dos descobrimentos no Séc. XV. Modernamente e após a queda do muro de Berlin e o fim da URSS, o neoliberalismo desenvolveu-se por todo o mundo. Apesar das vantagens, e são muitas, há hoje grandes desigualdades entre países, pelo facto da riqueza mundial estar concentrada nos países mais ricos.

As desigualdades sociais vão-se acentuando, a insegurança é crescente, tal como o avanço do racismo e xenofobia. Muitas das modernas democracias estão enfraquecidas e incapazes de dar resposta a problemas como o desemprego, a crise do estado social, a corrupção, para não falar das catástrofes humanas resultantes dos movimentos migratórios, entre outros conflitos.

Os nacionalismos vão fazendo o seu caminho e os Brexits, Le Pen, Trumps e Bolsonaros vão-se multiplicando um pouco por todo o lado, nem que seja, no caso europeu, até ao final do seu projecto mais importante: União Europeia.

Professor