A 12 de maio celebra-se o dia internacional do enfermeiro. Porquê 12 de maio e não uma outra data qualquer? Porque a fundadora da profissão de enfermagem nasceu a 12 de maio de 1820 em Florença e chamava-se Florence Nightingale. Nascida no seio de uma família abastada, viveu em Londres uma grande parte da sua vida, foi aluna do King’s College em Londres, aprendendo diversos idiomas como o grego, latim, francês, alemão e italiano, estudando ainda história, filosofia, matemática e estatística. Inconformada com a posição da mulher na sociedade da época (esposa submissa, responsável por tarefas domésticas e cuidadora dos filhos), decidiu dedicar-se à caridade.

Formou-se numa instituição protestante em Kaiserweth, na Alemanha, onde aprendeu os primeiros passos de disciplina na enfermagem, com regras e horários rígidos, acabando por se transferir para Londres, onde passou a trabalhar como superintendente num hospital de caridade.

Durante a Guerra da Crimeia em 1854, Inglaterra e França eram aliados da Turquia contra a Rússia. Os hospitais militares ingleses viviam um verdadeiro caos, o exército britânico estava prestes a ser derrotado em grande parte devido às doenças, à desorganização, ao frio e à fome. A administração dos hospitais militares era fortemente criticada pelos jornais ingleses, o que motivou o Ministro da Guerra a convidar Florence Nightingale para integrar o corpo de enfermagem britânico como enfermeira-chefe do exército.

Florence Nightingale parte para Scutari na Turquia, com 38 voluntárias entre religiosas e laicas, vindas de diferentes hospitais, verificando que a falta de higiene e as doenças matavam grande número de soldados hospitalizados. Assim, desenvolveu um plano de trabalho para assistência aos feridos tornando-a reconhecida em toda a frente de batalha.

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As suas principais medidas incidiam na lavagem das feridas e na lavagem das mãos dos profissionais de saúde. Estas medidas, permitiram reduzir a taxa de mortalidade dos feridos de 43 para 2 por cento, dedicando especial atenção à obtenção e organização de dados estatísticos. Segundo Florence Nightingale os dados ajudavam-na a mostrar aos outros como salvar vidas. Construiu gráficos que constituíram um marco importante no crescimento da nova ciência da estatística.

Foi designada pelo jornal The Times Londrino como a “Dama da Lâmpada” porque, de lamparina na mão, Florence percorria as enfermarias atendendo os doentes durante a noite.

Após contrair febre tifoide, fica com algumas sequelas e passa a dedicar-se ao ensino da arte de cuidar. Funda em 1860 a Escola de Enfermagem do Hospital Saint Thomas em Londres, em que o curso de enfermagem tinha a duração de um ano e era coordenado por uma enfermeira e com aulas teóricas e práticas lecionadas por médicos.

Em 1883, a Rainha Vitoria reconhece todo o seu esforço e dedicação, concedendo-lhe a Cruz Vermelha Real. Foi também a primeira mulher a receber a Ordem de Mérito (1901) durante a era Vitoriana. O Dia Internacional da Enfermagem é celebrado no dia de seu aniversário – 12 de maio. Parou de trabalhar aos 90 anos, quando ficou totalmente cega, e veio a morrer em Londres a 13 de agosto de 1910.

O dia do enfermeiro foi criado pelo Conselho Internacional de Enfermagem e Florence Nightingale foi considerada a mãe da enfermagem moderna no Mundo.

Em Portugal existe a referência do primeiro manual de enfermagem português, designado A Postilla Religiosa e arte de enfermeiros. Foi descoberto há relativamente poucos anos e data de 1741. O seu autor, Frei Diogo de Santiago, pertenceu à congregação de São João de Deus e testemunha a forte ligação entre a profissão e as confissões religiosas. Na década de 50, começa a comemorar-se o Dia da Enfermagem Portuguesa a 8 de março, que coincidia com o aniversário da morte de S. João de Deus, patrono da enfermagem.

Ao longo dos últimos anos, a enfermagem em Portugal sofreu uma grande evolução, pelo aumento da complexidade, quer pelo reconhecimento da atividade. O surgimento de enfermeiros com pós graduações, mestrados, doutoramentos não se refletiu em termos de remuneração nem em condições de trabalho. A criação da Ordem dos Enfermeiros foi uma aspiração dos enfermeiros e muitos esforços foram desenvolvidos para que se concretizasse.

O enfermeiro, ao prestar cuidados, exerce uma profissão criativa, através da qual auxilia pessoas, implicando modelos de gestão que promovam espírito de iniciativa e liberdade compatível com a ação de cuidar. O gestor, por seu lado, deve proporcionar as melhores condições possíveis para o desenvolvimento da profissão. A função do gestor é cuidar dos que cuidam, mas estes têm total obrigação de cuidar do gestor que, rapidamente perde o ânimo se a sua ação em troca não for estimulada pela atenção da equipa, com vista a apoiá-lo na sua missão de gestão e de percurso pessoal.

A qualidade com que funciona o grupo humano está inevitavelmente relacionada com os laços que se conseguem estabelecer.