Vivemos, neste momento, um estranho tempo de Covid-19, com todas as suas consequências para a economia nacional. Nestes novos tempos de pandemias, estamos ainda a adaptar-nos à nova realidade do confinamento e do pós-confinamento, sabendo que depois desta crise, a sociedade civil e a economia global vão ter de fazer um esforço brutal para recuperar, ou as consequências para a humanidade serão mais devastadoras do que a própria pandemia.

No conjunto das atividades, o futebol profissional nacional contribuiu com mais de 456 milhões de euros para o produto interno bruto (PIB) português, ou seja, 0,25% do PIB Português, segundo o estudo da EY.

Podíamos ainda referir que o futebol será, provavelmente, o maior veículo de comunicação do nosso país: somos campeões da Europa, da Liga das Nações, Youth League (FCP), varias vezes campeões da Europa e do Mundo na formação, temos o melhor jogador do mundo, Ronaldo, alguns dos melhores treinadores, como Jorge Jesus ou Mourinho, e não deve existir país do mundo que não saiba o que é o Benfica, o Porto ou o Sporting.

Posto isto, e verificando toda esta realidade, faz-me confusão, a mim e provavelmente não serei o único, que ao longo desta pandemia, o futebol tenha sido tão hostilizado. Vejamos:

A Primeira Liga, para voltar, tem necessidade de uma bateria de testes completamente despropositada, fora da realidade de cada uma das outras atividades; a Segunda Liga não joga quase há meio ano, tal como o Campeonato de Portugal e os Distritais, parados, e na formação não há sequer previsão de retoma. Enquanto isso, discute-se nos corredores do futebol o fim da Liga de Clubes, as subidas e as descidas, a redução do número de equipas, tudo, menos aquilo que, verdadeiramente, é importante: voltar a colocar as equipas dentro de campo, com ou sem público, o mais rapidamente possível, ou corremos o risco de não voltarmos a ser competitivos no futuro. E ninguém consegue prever, com exatidão, quais as consequências, principalmente para as camadas jovens, desta enorme paragem de campeonato.

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Podemos sempre alegar que são as vicissitudes da pandemia e escudar-nos nesta narrativa, que não sabemos a quem interessa, ou fazer como os outros sectores, exigindo que o futebol seja tratado como qualquer outra atividade. Ou será mais perigoso jogar futebol sem público nas bancadas, ou com elas reduzidas, do que ir a um concerto do Bruno Nogueira, ao cinema, ao hipermercado, à praia ou, até, à festa do Avante?

Existe neste momento um clima de guerra fria no nosso futebol, Liga, Federação, operadores e outros, que achando-se os donos disto tudo, estão mais preocupados com o poder, ou o contrapoder, esquecendo-se que da união se faz a força e que, quando atacamos com muita vontade, podemos por em risco a nossa defesa e sofrer aquilo, que no futebol se chama contragolpe.

À Liga o que é da Liga, à Federação o que é da Federação e aos clubes o que é dos clubes, lembrando, mais uma vez, que a Liga é dos clubes todos e que só defendendo os interesses de todos, é que o futebol continuará a crescer.

Rápido, o futebol nos estádios para todos, com Covid ou sem Covid, preferencialmente com público, porque o futebol português, por tudo o que fez nos últimos anos, merece.