Os museus sem público são monumentos à solidão. Templos culturais sem ânimo, esperando, adormecidos e silenciosos, o retorno à normalidade.

Os museus vivem da vida que soubermos fazer fluir nos seus espaços, tendo como centro e ponto de irradiação as suas coleções através de uma programação que atraia os diversos tipos de público: famílias, escolas, seniores, estudantes e investigadores, turistas nacionais ou estrangeiros, curiosos de aprender e viver experiências diferentes.

Respeitar e ilustrar a História, estabelecendo laços com o presente, arriscando contar as histórias de que a História se compõe, permitindo leituras diversas, narrativas cruzadas.

Encerrados durante mais de dois meses, à semelhança de tantas outras atividades, foi necessário mantê-los em condições de poderem voltar a receber quem os deseje visitar. Depois foi necessário revesti-los de sinalética, adaptar o espaço a novas exigências sanitárias de modo a cumprir os três “mandamentos”: etiqueta respiratória, distanciamento social, higienização dos espaços e dos visitantes.

Foi também tempo de reflexão estratégica, aproveitado em vários webinars transversais a todos os museus do mundo que a tal se dispuseram, e de considerar as alternativas tecnológicas que já vinham sendo utilizadas, acelerando esse processo, de modo a agarrar o público na medida do possível durante a pandemia.

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Com as atividades regulares sujeitas à redução do número de participantes presenciais, foi feita uma reavaliação do modo de as organizar, incluindo a possibilidade de as alargar online e transmitir em streaming.

Estamos a dar os primeiros passos, a experimentar, a ensaiar, em ligação com os artistas, os formadores e os meios tecnológicos disponíveis e que vão ocupar espaços do museu agora transformados para novas funcionalidades.

O museu, no entanto, vive na indefinição do que o futuro nos trará. Os museus virtuais são uma possibilidade teórica que não nos atrai, senão como incentivo a uma futura visita presencial, para quem só desse modo possa satisfazer a sua curiosidade, participando desde outros lugares que não o chão do museu. Queremos voltar a sentir a vida nas nossas veias, passada que seja a emergência, a contingência, a calamidade.

É por aí que queremos ir, aproveitando a pausa ditada pela circunstância para reemergir mais fortes e atrativos, com mais vida.