A indiferença mata, dizem uns. É insana, dizem outros. A indiferença nunca é inócua, sabemos todos. E sabemos, porque sentimos a brutalidade do seu impacto. Todos os gestos de indiferença dos outros nos atravessam e nos marcam, especialmente quando somos vítimas ou nos sentimos vulneráveis.

Nas grandes catástrofes ou nos pequenos acidentes, nos crimes mais hediondos ou nos azares do quotidiano, todos os que sabem e vêm, mas passam ao largo mostrando-se indiferentes perante as necessidades, as urgências e os sofrimentos, cavam ainda mais fundo os abismos de solidão, dor e perplexidade que advêm dessas mesmas situações de injustiça, fragilidade ou discriminação. Em demasiados casos, os indiferentes chegam a pactuar com crimes tornando-se cúmplices de humilhações e infâmias.

O Papa Francisco usou palavras muito claras para falar do ‘hábito da indiferença’ neste domingo, no momento em que entregou aos 13 novos cardeais o barrete vermelho e o anel cardinalício, símbolos do reconhecimento da missão e do sentido de serviço. Perante uma legião de purpurados e ministros da Igreja, à qual se juntou uma multidão de fiéis e amigos dos novos cardeais, o Papa escolheu as palavras certas porque sabe melhor que ninguém que ‘o hábito faz o monge’. E quem diz o monge, diz o bispo, o cardeal e todos aqueles cujas vestes são, acima de tudo, sinal de alguém que professa o amor e a compaixão.

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