A 7 Outubro, o Brasil vai passar, porventura, pela mais peculiar das suas eleições presidenciais desde que se tornou uma democracia em 1985. Os dois principais candidatos deverão ser um representante de Luiz Inácio Lula da Silva, líder do Partido dos Trabalhadores (PT) e o ex-presidente mais popular de sempre, mas atrás das grades por corrupção passiva e branquamento de capitais; e Jair Bolsonaro, do Partido Social Liberal (PSL), que já declarou de várias formas o seu ultraconservadorismo, a sua nostalgia pelo regime militar ditatorial e não esconde de ninguém ser uma espécie de discípulo político do presidente norte-americano Donald Trump.
Sem surpresas, o Tribulnal Superior Eleitoral declarou nula a candidatura de Lula da Silva no enquadramento legal da lei da “ficha limpa”, que não oferece grandes dúvidas: qualquer indivíduo condenado por corrupção em segunda instância é inelegivel para cargos públicos. Sobra Fernando Haddad, candidato a vice pelo PT, que muito provavelmente (o assunto será hoje discutido pelos dois numa visita à prisão) fará o papel de uma espécie de holograma de Lula, ou seja, será o homem que, a ser eleito, sê-lo-á por, em nome de, e para cumprir diretivas do ex-presidente do Brasil.
“Em nome de” é mesmo a expressão certa. Lula está judicialmente impedido de fazer ou aparecer (em imagens, inclusivamente) em campanha, mas o discurso do PT passou a ser só um: a guerra aberta contra o sistema jurídico brasileiro. Por outras palavras, todo o discurso político do Partido Trabalhista tem gravitado à volta da prisão de Lula, que os petistas não hesitam em dizer que foi fraudulenta. Na versão do partido e dos seus apoiantes, a justiça está tão corrompida que prendeu um inocente por razões políticas.
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