Uma nota simples sobre o desafio. É um desafio, como alguns dizem, desnecessário. Concordo. Como outros dizem, ridículo. Concordo. Como outros dizem, patético. Concordo. Como outros dizem, divertido. Concordo. Concordo com tudo o que se lhe possa chamar. Destes todos, prefiro o divertido, o feito “for fun”. E prefiro ainda mais um outro, o da avaliação do homem e da sua circunstância.

Aqui fica o desafio da Dolly Parton:

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Get you a woman who can do it all ????

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Com isto, e depois de muitos exercícios que vi no fim de semana passado, dei-me, então, ao trabalho de fazer e postar o exercício.

Ainda não existia a App que agora está disponível na sua play store: Dolly Party Challenge Meme Maker. Com ela escusa de ter o trabalho que tive. Instale o seu aplicativo e dê-se à interpretação dos outros postando na(s) sua(s) rede(s) social(ais).

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Mas em que consiste o desafio? Em arranjar uma foto nossa adequada a cada uma das redes sociais Linkedin, Facebook, Instagram e Tinder.

Em primeira instância estamos a falar, bem vistas as coisas, do homem e da sua circunstância. Porque não é possível separar o homem, ou o sujeito ativo, do contexto em que se insere, desde o corpo ao seu contexto histórico. A educação, sentido lato, foi considerada, no espírito de Ortega Y Gasset (o pai do “homem e a sua circunstância”), como a ferramenta ou o instrumento para que cada homem possa tomar consciência da sua circunstância. Mais, para que possa conhecê-la, avaliá-la, relacionar-se com ela e, se for caso disso, superá-la.

Há questões curiosas e até de medo neste exercício. “Mas tu estás no Tinder?”; “Mas porque pões uma fotografia de Facebook se não tens Facebook?”; “Andei à procura do teu perfil no Instagram e não tens perfil”. Tudo isto é certo. Tudo isto é assim. Mas ainda assim e apenas com Linkedin é possível fazer o exercício. É possível ver-me, analisar e perspetivar-me em cada circunstância e, meio a brincar meio a sério, mostrar-me no exercício. Exercício fútil, dirão. Não, direi eu, exercício de autoconhecimento. Como sou em cada circunstância. Ou como me interpreto.

A beleza do exercício está, talvez, não tanto no que escolho para aparecer em cada rede social mas na forma como os outros, o mundo, me interpreta. Primeiro faço a minha autoavaliação, faço o meu escrutínio sobre o que sou (ou como acho que sou) em cada circunstância. Depois posto. E depois o mundo que interprete. E o mais interessante é ver amigos e família e conhecidos e remotos conhecidos e todos os demais e conhecer as suas reações. E as reações são desde desnecessário a ridículo, a giro, a divertido, a introspetivo, a interessante, a nunca te tinha visto assim, a vou pensar….e por aí fora.

Ora se fizermos o exercício com este espírito, o exercício, em si mesmo, com algum feedback, pode trazer muita coisa interessante e positiva. Para quem interage comigo. Para quem avalia. Para quem vê e interpreta. E, no final do dia, para quem recebe e colige o feedback.

O exercício é, assim, um exercício de interpretação. Minha e dos outros. Um exercício de interpretação do homem e da sua circunstância.

E pouco importa se é Linkedin, se Facebook, se Instagram, se Tinder. Pouco importa. Importa antes o exercício de como me vejo e de como os outros me verão. Como me interpreto e de como os outros me interpretarão. De como reajo e de como os outros reagirão. Espelho gratuito face à minha interpretação de mim próprio.

Claro está que sem um bocadinho de sentido crítico e sem que consigamos rir de nós próprios, fundamental para o exercício, não vale a pena avançar. Se tem medo do ridículo, não faça. Se se leva demasiado a sério, não faça.

Mas, lá está, no final do dia, o que importa é a forma como cada qual se interpreta e como nos interpretam em cada circunstância e não em cada rede social. Porque uma rede social tem associada uma determinada carga sociológica e grupal específica. Um determinado pendor e uma identidade próprias. Uma forma particular ou idiossincrática de ser interpretada e uma conotação muito sui generis. Por isso é importante que nos interpretemos naquele contexto e que, concomitantemente, os outros nos interpretem igualmente.

Como diria Ortega Y Gasset “o homem tem uma missão de clareza na terra.” Ao que eu acrescentaria que, sendo muito simples, a isso ajuda (também) este exercício.

E para os mais curiosos aqui fica o link para o meu exercício. E procurem o de muitas outras pessoas pois talvez encontrem coisas interessantes. E possam fazer algumas interpretações e dar algum feedback. No sentido construtivo.