Desde que foram reportados os primeiros casos de infeção por Covid-19 na cidade de Wuhan, na China, temos verificado que a degradação económica de cada país tem vindo a aumentar de uma forma preocupante.

Com as restrições sanitárias impostas e com o agravamento progressivo dos casos no continente europeu e americano, as pessoas quase deixaram de viajar e sair à rua.  Apesar dos números de casos fatais nesta segunda vaga serem assustadores, continuamos a assistir ao incumprimento das medidas sanitárias por parte de muitas pessoas, mostrando um total desrespeito pela vida humana.

Com a ausência de clientes nacionais e estrangeiros, o colapso económico adivinha-se em todos os quadrantes, com maior impacto nas pequenas e médias empresas, que entrarão em falência. Mesmo as grandes marcas mundiais, que dominaram o mercado de vendas nas últimas décadas, terão de restringir os seus gastos, atendendo que a relação entre a venda do produto e o consumidor diminuiu abruptamente nos últimos meses. Para manterem algum lucro, terão de despedir trabalhadores. E ao agravamento económico de cada família irá seguir-se, por arrastamento, o descalabro social.

Muitas destas famílias vivem à custa de empregos precários, muitas vezes dependendo única e exclusivamente de apenas um dos seus membros para poderem ter o mínimo de conforto no seu lar. O empréstimo que fizeram ao banco para compra de casa ou de outra necessidade inadiável ficará, pura e simplesmente, sem hipótese de ser pago. Esta realidade, para mal de todos nós, é o que está a acontecer em muitas casas, não só no nosso país como em todo o mundo. Os diversos governos terão de ter um política de apoio a estas famílias, caso contrário, numa situação de desespero, a criminalidade, o suicídio, a depressão e a violência doméstica irão aumentar. Este cenário parece ser pessimista, mas o passado da humanidade revelou que a seguir a uma quebra económica global, estes episódios irão surgir quase de seguida. Há uma relação direta entre ambos.

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Mais uma razão para os governos atuarem com alguma rapidez, apoiando os que mais necessitam e não deixarem que este assunto morra, ou fique na prateleira, à espera para atuar apenas em último caso.

Para quem teve a hipótese de viajar nesta altura de pandemia, é confrangedor ver os aeroportos com tão poucas pessoas e as lojas de grandes marcas fechadas. Parece que estamos a caminhar num longa avenida fantasma. Faz-nos reviver na memória os filmes de Hollywood, com ruas desertas, em plena guerra química e biológica entre grandes superpotências.

Estamos todos à espera das primeiras vacinas anti-Covid-19 para erradicar o odioso vírus, mas não nos podemos iludir, pensando que o mundo irá voltar, a curto prazo, ao que era até 31 de dezembro de 2019. Temos de continuar a respeitar as medidas sanitárias. O vírus não irá desaparecer tão depressa, pelo contrário, ele vai fazer parte das nossas vidas.

Todo o processo da descoberta da tal vacina milagrosa foi certamente acelerado pelas circunstâncias atuais, em que a taxa de mortalidade é elevada. O importante é, neste momento, repor a vida normal da população,  que vive com grandes restrições no quotidiano.

Irá ainda demorar uns bons anos para que a retoma económica mundial volte a atingir os níveis pré-pandemia.

A solidariedade entre os governos mundiais será a única solução, sob a batuta das Nações Unidas, da União Europeia, da ASEAN, do Fundo Monetário Internacional e dos países que integram o G8 e o G20. A cooperação nesta fase crítica será o ponto de partida para a recuperação económica global e, consequentemente, a salvação da sociedade e do mundo.