Dizia-me um médico, em S. Pedro do Sul, quando da última greve dos motoristas transportadores de matérias perigosas, que quem sobretudo necessitava de medidas para atenuar os efeitos da greve era o interior, e explicava: “não temos praticamente transportes públicos e necessitamos de nos deslocar de nossas casas (muitas vezes nas aldeias) para os nossos locais de trabalho, que distam, bastas vezes, muitos quilómetros”. E continuava: “sabe, eu vivo numa aldeia na serra e tenho de prestar serviço aqui em S. Pedro do Sul – sensivelmente 20 km de casa – e em mais alguns postos de saúde, sendo que um fica para lá de Lamego e outro depois de Viseu, são muitos quilómetros! Se não resolverem o problema do abastecimento, é a população que fica sem cuidados de saúde…”

Nós, no interior, vivemos normalmente em terras pequenas e quando nos deslocamos percorremos em geral muitos quilómetros. Em Lisboa ou no Porto, ou mesmo noutras cidades, há sempre os transportes públicos, que vão funcionando, e as distâncias não são tão grandes assim. No interior… Que interessa o interior? Conta pouco, rende poucos votos!

Em Agosto – ainda não se sabe o dia – deverá começar a vindima do branco, aqui no Douro (Cima Corgo), e estarão a decorrer, pelo menos, as vindimas no Douro Superior e no Alentejo.

Que medidas estão pensadas para o interior? Onde é que iremos encontrar gasóleo para abastecer os nossos tratores e as nossas camionetas? Como é que conseguiremos transportar as uvas para os lagares?

Se nada for feito, caminharemos para a catástrofe, e de quem será a culpa? nossa? dos autarcas? de quem?, já que do Governo não é certamente, pois o Governo nunca tem culpa assim…

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