Após a queda do muro de Berlim talvez os berlinenses tivessem pensado que os regimes comunistas nunca voltariam a ser desejados ou defendidos pela geração que iria experienciá-los através dos manuais de história. Mas se pensaram desta maneira, estavam muito enganados.

Após a queda da cortina de ferro, os povos de Leste que viveram sob os regimes socialistas impostos pelo terror e violência de uma ditadura, sentiram um aumento no seu nível de vida e, sobretudo, uma maior liberdade de expressão. Todos estes cidadãos, à exceção dos Russos, afirmam que a sua situação económica está melhor do que nos tempos em que a economia era totalmente controlada pelo Estado. Com todos estes indicadores, como é que este tipo de ideologia ainda tem espaço entre os jovens da minha geração?

Em primeiro lugar, existe uma fraca condenação contra o comunismo. No 1º manual de história de 12º ano são dedicadas 10 páginas para a explicação das duas grandes ideologias de extrema-direita, enquanto que a explicação da repressão imposta pelos regimes comunistas é feita em apenas 2 páginas. Também o holodomor é omitido, no entanto é feita uma menção às consequências do holocausto. Com isto, não estou a querer dizer que os regimes de extrema-direita são condenados injustamente, mas sim que o comunismo deveria sofrer o mesmo tipo de condenação.

Parte desta crença ilusória de que ainda vale a pena lutar pelo marxismo firma-se na ideia de que o comunismo nunca chegou a ser implantado. Este argumento, usado pelos neo-marxistas, diz-nos que, caso estes tomassem o poder, iriam aplicar os princípios de Marx perfeitamente, o que revela alguma ingenuidade. Apesar de o marxismo ser muitas vezes defendido em nome da compaixão pelos pobres, visto que na teoria este acabaria com as desigualdades e com a pobreza, quando é posta em prática esta ideologia gera aprisionamentos em massa, escraviza o proletariado, e assassina os seus cidadãos. Os falhanços destes regimes podem ser provados pelos 100 milhões de cadáveres que deixaram para trás. Ter a audácia de dizer “mas isso não foi comunismo a sério” é um desrespeito para todos os que sofreram em nome da tentativa de implementação de uma utopia.

Os terrores que passaram pelo Leste Europeu e por alguns países asiáticos poderiam ter chegado à Europa Ocidental, e não iriam nascer na França ou em Itália, mas sim em Portugal. Com a revolução de abril, a extrema-esquerda fez tudo o que pôde para transformar Portugal num regime comunista. O PCP, que atualmente tem uma juventude partidária ativa, encorajou saneamentos em diversas instituições, aplicou a reforma agrária e criou um ambiente anárquico que encaminhava Portugal para a adoção de um modelo coletivista. Após a intentona revolucionária ocorrida a 11 de março, foi Vasco Gonçalves um dos responsáveis pela radicalização do processo revolucionário, que pôs a nossa nação em risco de se tranformar numa cuba ocidental. Esta figura renasceu graças à insensata decisão de Carlos Moedas que considerou homenagear quem destruiu a economia portuguesa nos anos 70.

A história não se apaga, paga-se. E se esquecermos os erros e as atrocidades cometidas por ideologias que pretendiam criar o céu na terra, mas que acabaram por criar o inferno, poderemos pagar um preço elevado.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR