O lugar vazio que Luísa Salgueiro deixou, inopinadamente, durante o discurso de Cavaco Silva na cerimónia comemorativa dos 30 anos do programa de erradicação de barracas nas áreas metropolitanas do Porto e Lisboa é uma imagem irónica do seu consulado à frente da Associação Nacional de Municípios Portugueses.

O lugar de presidente da ANMP tem estado vazio, desde que Luísa Salgueiro tomou posse. Há poucos meses, em artigo de opinião no Jornal de Notícias, a também autarca de Matosinhos tece os maiores encómios ao alegado pacote de medidas do governo sobre habitação. Lemos e não acreditamos. Luísa Salgueiro é Presidente da Associação Nacional de Municípios e assina o artigo nessa qualidade. Também sabe que os municípios foram completamente ignorados neste processo.

Ao elogiar o “powerpoint” de António Costa, que atropela completamente a lei e desrespeita em absoluto a autonomia do poder local, a líder da ANMP esquece que a associação a que preside representa todos os municípios portugueses, que estes não foram ouvidos e que está em curso uma completa secundarização do poder local democrático. À presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses exige-se que represente e dialogue com o governo de cabeça erguida, numa posição de alguém que é eleito democraticamente, que representa todos e que não está a fazer fretes a ninguém.

Queremos uma liderança da ANMP que se afirme pelo poder que lhe foi delegado por todos e que não tenha medo de afrontar o Governo Central. Luísa Salgueiro não tem sido capaz de o fazer, mais parecendo que está lá para agradar ao líder, o mesmo é dizer, a António Costa. Se tivesse ficado até ao fim do discurso de Cavaco Silva, talvez a presidente da ANMP pudesse refletir sobre a afirmação do ex primeiro ministro e presidente da República, quando este afirmou: “Aconselho que o Governo se encoste à credibilidade das Câmaras Municipais, colocando-as no centro da resolução da crise de habitação nos respetivos concelhos”.

Acresce que o pacote de medidas que o primeiro ministro apresentou recentemente, e a que chamou “Mais Habitação”, foi uma mera ação de propaganda, sem quaisquer resultados práticos. Já em 2016, o governo anunciou medidas que iriam aumentar a oferta de habitação e até aos dias de hoje, nada! O primeiro ministro tornou-se especialista em “powerpoints”. Ações para colocar mais casas no mercado e ajudar a resolver o problema da falta de habitação, nada! Pior, só a deriva esquerdista do Governo, comparável ao período do PREC.

A destruição dos pequenos negócios do alojamento local e o ataque ao direito de propriedade são inaceitáveis. A estatização e apropriação ilegal de propriedade privada, impensável numa democracia liberal, está aí. O desnorte da governação e a total incapacidade do primeiro ministro para alterar o rumo é preocupante para o futuro do país.

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