Se há alguns anos ser veggie era a exceção, estaremos perto de se tornar a regra? Estarão a sustentabilidade, o meio ambiente e a preocupação com a saúde a ditar, cada vez mais, os hábitos alimentares? À velocidade com que nos tornamos mais conscientes, teremos também maior tendência a abandonar os produtos de origem animal? The Green Revolution Portugal, propôs-se a traçar, pela primeira vez, um retrato da realidade veggie nacional. Segundo o mesmo, perto de 800 mil portugueses já adotaram uma dieta veggie, 45% estão a reduzir ou a eliminar o consumo de carne vermelha e 54% o consumo de enchidos. Estaremos a caminhar para uma progressiva diminuição do consumo do delicioso bitoque, entrecosto, ou a tradicional alheira? E será uma marca tão mais querida quanto maior a sua preocupação com o ambiente e universo animal?

A nossa dieta vai mudar, com toda a certeza, por duas razões: primeiro, porque o consumidor está cada vez mais preocupado com a sua saúde – vamos viver mais tempo e, por isso, queremos viver melhor. Depois, porque há uma crescente preocupação com a preservação do ambiente e um declínio consequente no consumo de produtos de origem animal – que se aplica não só quando falamos de alimentos, mas também de cosmética, bem-estar e outras áreas transversais ao dia-a-dia de cada um. Se pensarmos que dentro do universo veggie se incluem vegetarianos, veganos e flexitarianos, e que este grupo representa já 9% da população sendo que um terço mudou a sua alimentação nos últimos dois anos, há uma reflexão que inevitavelmente se impõe: é preciso criar alternativas que sustentem novos padrões de dieta alimentar.

Até porque, não podemos deixar de olhar para um interessante fenómeno a que se assiste dentro do crescimento das dietas veggie. Sendo difícil mudar radicalmente hábitos alimentares e de consumo, mas considerando a importância das duas variáveis acima mencionadas, o grupo que mais tem crescido é o dos flexitarianos, pessoas que têm uma dieta fundamentalmente vegetariana mantendo o consumo de carne e peixe de forma ocasional. Só em Portugal representam 7,4% da população sendo que em Espanha é também dos segmentos que maior crescimento tem registado ao longo dos últimos dois anos. Conveniência e sabor vão ter, por isso, que caminhar, cada vez mais, de mãos dadas, com a aposta em produtos inovadores, credíveis e que satisfaçam a necessidade de quem decidiu mudar para sempre a sua forma de estar, ser e comer.

É a conveniência que tem que acompanhar a tendência – existe um sem número de opções gastronómicas originalmente concebidas com verduras: provenientes da Coreia, China, Vietname, Marrocos, Turquia e outros, das quais podemos estar próximos e com as quais podemos aprender, sendo capazes de oferecer a quem é veggie, uma opção única, diferenciadora e não apenas adaptada. A globalização e o abraçar de tendencias mundiais deverá tornar a nossa alimentação inacreditavelmente mais rica, saudável e saborosa, indo muito mais além do que apenas criar um hambúrguer que se parece com carne mas não é, uma mayonese que parece ser de ovos mas não é, ou um gelado que parece ter leite, mas não tem. Não é só o número de vegans ou vegetarianos que está a crescer, mas sobretudo aquele em que mais opções são postas em cima da mesa, os flexitarianos. Cresce o grupo que a pouco e pouco mais quer estar no centro da mudança. E este consumidor precisa de ser rapidamente entendido, porque se olharmos para os números, rapidamente percebemos: o nosso futuro será (de certeza) mais veggie.

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