Em 2020, o setor das startups e scaleups valia cerca de 3 biliões de dólares a nível global e, apesar de ainda ser um ecossistema recente, em Portugal, é já um dos maiores ativos do país, representando mais de 1% do PIB. O futuro é animador já que, em Portugal, residem seis das duas centenas de startups europeias com o estatuto de unicórnio (avaliadas em mais de mil milhões de dólares) e há, pelo menos, mais seis a caminhar nesse sentido.

Em março de 2020, o confronto com uma situação imprevista, deixou todas as empresas na incerteza do que seriam os meses seguintes. Embora as startups tenham enfrentado momentos difíceis no início da pandemia, sobretudo as que dependiam dos setores mais afetados, nomeadamente os relacionados com o turismo, o facto é que houve uma grande proporção que viu na adversidade uma oportunidade. Segundo um estudo de 2020, que juntou a SAP, a EY e a StartUP Portugal, cerca de 42,3% das startups inquiridas afirma que a pandemia gerou novas oportunidades.

Isto porque, durante este ano e meio, digitalizaram-se processos que, até então, pareciam impossíveis de o fazer e mudaram-se comportamentos que aparentavam estar demasiado enraizados para que acontecesse. E, apesar de este ter sido um passo importante, vemos que aconteceu sem grande estratégia e planeamento por parte das empresas, acontecendo de forma pouco ponderada e consolidada. Assim, a partir de agora, precisamos de dinamizar esta transformação de forma estratégica e planeada, e as empresas tecnológicas serão cruciais para alavancar a recuperação das empresas e da economia do país.

Em primeiro lugar, o contributo das startups está, em parte, no potencial dos seus produtos para ajudar as empresas a desenharem uma estratégia de digitalização, de forma a otimizarem os seus processos de negócio e oferecerem melhores experiências aos seus clientes. Segundo a StartUP Portugal, 75,2% das startups têm modelos de negócio B2B, um dado importante tendo em conta que vai ao encontro daquilo que são as necessidades do mercado, atualmente. Precisamos de produtos que ajudem as empresas portuguesas a digitalizar processos de negócios, processos industriais, bases de dados, entre outros.

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Em segundo lugar, apesar de ser um ecossistema ainda numa fase inicial, tem mostrado consistência, capacidade inovativa e um grande potencial de crescimento. Este posicionamento como polo de inovação europeu atua como um fator de atração de investimento e de talento nacional e internacional, aumentando o trabalho qualificado no país e a internacionalização da marca Portugal.

Por fim, o potencial de crescimento rápido deste tipo de empresas e das suas soluções atrai investimento. Atualmente, o aumento da confiança na recuperação económica tem gerado liquidez, que se traduz em investimento, o que significa prosperidade para as startups, que, ao estarem capitalizadas, conseguem recrutar mais pessoas e escalar o seu negócios.

Assim, apesar da incerteza que a pandemia despertou em todos os setores da sociedade, o ecossistema do empreendedorismo distinguiu-se de outros pela forma como, pela agilidade que caracteriza as empresas que o integram, conseguiu inverter a situação e ser uma peça-chave no decorrer e no pós-crise pandémica. Com isto, reforçou o seu reconhecimento e relembrou-nos do papel preponderante que as startups e scaleups têm no desenvolvimento económico do nosso país.