Em memória das vítimas da guerra na Ucrânia, quase todo o Parlamento português cumpriu um minuto de silêncio. Quase todo porque a única bancada parlamentar ausente foi o Partido Comunista Português, sendo que também o PAN se ausentou, embora por outros motivos.

O Partido das liberdades dos povos e da democracia aprova a guerra. Não há outra forma de o dizer. Não tenhamos medo das palavras.

É tão simples como isto. O PCP está de facto ao lado do regime de Putin. Não o dizendo, mostra-o.

Independentemente de qualquer ideologia que se possa ter, uma guerra provocada pela invasão de um território soberano é sempre motivo de indignação na medida que está em causa o maior valor humano de sempre, que se sobrepõem a tudo. Uma vida é uma vida, e a vida humana não tem ideologia.

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O PCP, isolado a nível nacional na sua postura política, não assume esta triste realidade. Escuda-se entre argumentos políticos sem sentido, desvalorizando o que na verdade importa: a posição Russa e os crimes contra a humanidade que Putin já provocou e que vai provocando.

À Ucrânia, restará defender-se.

O tempo vai passando, as mortes são aos milhares, e, um ano depois, continuamos a ter um PCP que condena, não a Rússia, pondo a culpa da invasão no povo Ucraniano, na NATO e na União Europeia.

A narrativa do PCP não permite que qualquer cidadão tenha por este partido qualquer respeito democrático.

A democracia terá como principal característica o respeito pela soberania de um povo, e não apoiar claramente a vítima é estar do lado errado da história, pagando por essa razão um elevado preço político.

O PCP, que sobrevive de eleitores de idade avançada, tenderá a acabar. Não há comunistas imortais, e a Soeiro Pereira Gomes tenderá a ficar cada vez mais deserta e as cadeiras no parlamento, que hoje são ocupadas pelos comunistas, serão ocupadas por outros traseiros.

Relembrando a posição do PCP aquando do convite a Volodymyr Zelensky para palestrar por vídeo conferência no Parlamento Português, a ausência do Partido Comunista – justificou a sua direção – deveu-se, entre muitas outras causas, a ter sido a Ucrânia a começar a guerra. Até hoje, nada disso foi negado. Até hoje, para o PCP nada mudou e o mundo está de facto todo errado e só os comunistas estarão certos.

Mantendo o PCP esta posição um ano depois, em relação a uma guerra que ultrapassa todas as fronteiras da ideologia política, este partido trilhou um triste caminho. O caminho da negação a um povo do direito à sua liberdade territorial e à democracia e a lutar por ela de forma heróica.

É de todo incompreensível, e, porque não dizê-lo, imoral, “apoiar” um regime que todos os dias comete os mais horrendos crimes contra a humanidade, violando de forma clara todas as normas do Direito Internacional e da carta das Nações Unidas.

Há porém uma pergunta que muitos gastariam de ver respondida: o que responderá um pai comunista ao seu filho quando este lhe pergunta porque razão há uma guerra em morrem todos os dias meninos e meninas?

Que canal de televisão terão os comunistas em casa para não verem a realidade que todos os dias entra pelos nossos olhos?

Qualquer regime democrático deverá envergonhar-se de ter um PCP que vai dando todos os dias sinais claros e óbvios de que não aceita, nem a democracia, nem a liberdade de um povo. E ao aproximarem-se as comemorações de Abril, pouca moral terá o PCP para vir de novo gritar para as ruas, invocando uma data da qual se julga proprietário.

O PCP escolheu, de forma voluntária, o seu caminho, fazendo a sua trajectória política totalmente fora do eixo da razoabilidade.

Isolado de tudo e de todos, e até de grande parte do seu já tão escasso eleitorado, os comunistas portugueses correm o risco de desaparecer do panorama político por culpa própria.