Diz-se que há problemas na Marinha Portuguesa e no mundo do salto em comprimento luso. Comecemos então pelo mais premente dos temas, referindo a polémica que envolve os dois indivíduos que, em Portugal, melhor dão umas corridas que redundam numa espécie de dois passos de gigante do Mamã, Dá Licença?, que por sua vez culminam num salto para aquilo que, à falta de conhecimentos técnicos para oferecer uma descrição mais rigorosa, podia bem ser o WC de 59 gatos.

Mas saltando (hã?) para a polémica em si, a questão prende-se com o facto de Nelson Évora ter dito que, no caso do seu rival, Pedro Pichardo, a nacionalidade portuguesa foi comprada. O que, convenhamos, soa a pouco provável. Com a quantidade de gente e emigrar e a fugir do nosso país, há de certeza um excesso de oferta da nacionalidade portuguesa. Duvido muito que alguém cometa o erro de pagar para ser português. Com um bocadinho de paciência e o mínimo de jeito para negociar, um estrangeiro é mas é pago para ser nosso concidadão.

Digamos que o negócio da aquisição de nacionalidade portuguesa, neste momento, não deve ser muito diferente do comércio de automóveis para abate. Eu diria que comprar a nacionalidade portuguesa é mais ou menos como adquirir um Morris Marina de 1975. Estás a comprar algo com alguma história, é um facto, algo até com um toquezinho exótico, sem dúvida, mas a verdade é que não vais a lado absolutamente nenhum com aquilo.

A propósito. O que também não vai a lado nenhum é o Navio da República Portuguesa, Mondego. Mais de dez militares optaram por não embarcar no navio, alegando razões de segurança. Vai daí e a operação de vigilância a um navio russo, não se realizou. E como está bom de ver, surgiram logo uns trogloditas a atribuir esta falha ao facto de agora termos uma mulher à frente do Ministério da Defesa. Com coisas do género:

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Ministra: Meninos, vão lá espreitar o que os russos andam a fazer.

Marujo: Oh, Sra. Ministra, mas isso tem algum jeito, andar sempre a vigiar os homens?

Ministra: Sr. Marujo, quem é que falou em vigiar? Ninguém vai vigiar ninguém. A vossa missão em alto mar é bisbilhotar. Bisbilhotar bem os russos, para depois me virem contar todas as fofocas.”

Meu Deus, como é possível, nos dias de hoje, ainda sermos agredidos com tão grotescas demonstrações de preconceito de género? Enfim, eu peço desculpa aos meus leitores, apesar de ser apenas o mensageiro de tamanha infâmia, atenção.

Por falar de coisas que há muito deviam ter caído em desuso mas que teimam em infernizar-nos a vida, notícias do socialismo. E a novidade mais fresca é a de que o governo pondera fixar as margens de lucros dos distribuidores em alguns produtos alimentares. Ou seja, a novidade fresca é que, avançando esta medida, muito em breve noticiaremos a inexistência de produtos frescos nas prateleiras dos supermercados.

E parece que, ao contrário do que commumente se pensa, o produto que dá mais margem de lucro não é, nem o armamento, nem a droga. É a cebola. Sim, sim, a cebola. Diz que há diferenças de mais de 50% no preço da cebola entre supermercados, imaginem. Numa cadeia de supermercados uma cebola pode custar 30 cêntimos e noutra alguns 45 cêntimos. Portanto, cuidado com isso. Toca a legislar. De que é que estamos à espera para pôr termo aos lucros criminosos obtidos no sub-mundo da cebola?

Em breve estaremos à espera, sim, mas é em fila à porta do supermercado para comprar cebolas. Isso é certinho. Mas pelo menos, nessa altura, talvez o aguardar 17 horas para adquirir o lacrimoso bolbo amenize a espera de 17 anos por uma consulta de oftalmologia. É preciso ver as coisas pelo lado positivo. Ver, é como quem diz, que ao fim de 17 anos à espera de consulta de oftalmologia, enfim.