A única forma sensata de preparar o futuro de qualquer organização é começar por fazer um assertivo diagnóstico do seu atual estado.

O PSD vive, hoje, indiscutivelmente, uma das maiores crises da sua longa história. Numa análise simplista, poderíamos tender a considerar que é normal que, num partido de poder, as tensões internas sejam, em contexto de oposição, mais notórias. Poderíamos até condescender e aceitar que o PSD só tende, verdadeiramente, a unir-se em torno de um presidente do partido quando obtém sucesso eleitoral. Poderíamos também trazer à colação o desgaste do sistema político português, o afastamento dos jovens face à política, o facto de, nas últimas vezes que fomos poder, termos sido chamados a governar em circunstâncias extremamente difíceis ou o contexto internacional de definhamento de alguns dos partidos do centro do espectro político.

Se todos os fatores referidos podem contribuir para a situação do Partido Social Democrata, a meu ver, eles não constituem, de todo, a principal justificação para os sucessivos desaires eleitorais com que temos sido confrontados.

O PSD que sempre soube desafiar os melhores, perdeu peso na sociedade portuguesa e mostra-se, hoje, incapaz de mobilizar, quer ao nível autárquico, quer a nível nacional, os principais agentes sociais.

Ao contrário do passado, os empresários e gestores de maior sucesso, os advogados ou médicos mais respeitados, os professores mais conceituados, os comerciantes locais, os jovens empreendedores ou os reformados e funcionários públicos preocupados com o futuro do país, não encontram razões suficientes para acreditar no PSD.

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Se esta é a grande e real ameaça ao futuro do partido, é também uma enorme oportunidade histórica: o PSD tem que ser capaz de construir uma nova agenda reformista, tem que ser capaz de o fazer com forte ambição, de forma participada, sem complexos, nem tabus.

É tempo de abandonarmos o divisionismo, as quezílias internas e os ajustes de contas que não nos credibilizam. É tempo de colocar de parte os fúteis purismos ideológicos que nunca mobilizaram o partido e não honram a nossa história de diversidade e pluralidade. É tempo de deixarmos de ser os primeiros a denegrir a imagem do PSD, das suas estruturas e dirigentes, numa falsa dicotomia entre sérios e malfeitores ou entre “aparelhistas” e “gente nova”.

É, acima de tudo, tempo de liderarmos a construção de um verdadeiro projeto alternativo de transformação de Portugal. Estou absolutamente convencido que, se o fizermos, respeitando a nossa base personalista e interclassista, voltaremos a ter com o PSD os setores mais dinâmicos e criativos do nosso país.

Para que o início desse grande desafio à sociedade portuguesa seja credível e sério, será essencial que o próximo Presidente do PSD saiba ouvir, somar, congregar e unir.

Acredito que o Miguel Pinto Luz é o líder certo para iniciarmos este caminho e é por isso muito importante que, nas próximas eleições do PSD, o Futuro diga Presente.