A primeira vez que ouvi falar da metodologia de Design Thinking foi há cerca de sete anos enquanto estava a tirar o meu MBA. Fiquei rendida ao conceito disruptivo e à sua eficácia. O que é então o Design Thinking?

Design Thinking é uma metodologia usada para resolução de problemas de forma criativa e colaborativa com uma abordagem totalmente centrada nas necessidades dos utilizadores.

É também um processo iterativo que nos permite desafiar pressupostos previamente estabelecidos, redefinir problemas e gerar soluções inovadoras que podemos prototipar e testar. Podemos mesmo dizer que, mais do que apenas um processo, é uma nova forma de pensar, completamente “out-of-the box” e sendo disruptiva é claramente mais eficaz e permite transformar a forma como desenvolvemos produtos e processos.

Em resumo:

  • Permite desenvolver novas formas de pensamento.
  • Ajuda a observar e desenvolver empatia com os utilizadores.
  • Fomenta a nossa capacidade de questionar (o problema, os pressupostos e as suas implicações).
  • Envolve experimentação contínua através do uso de protótipos.
  • Permitir recolher feedback após resultados testes e voltar a repetir processo.

As cinco fases do Design Thinking

  1. Empatia. É a fase em que aprofundamos o conhecimento sobre os nossos utilizadores, percebemos as suas necessidades e desejos.
  2. Definição. Esta pode ser uma das fases mais desafiadoras porque o objetivo último é identificar com clareza o problema dos utilizadores. Para isso é necessário analisar e interpretar corretamente todos os fatos recolhidos na etapa anterior, inclusivamente colocando em causa pressupostos previamente existentes.
  3. Ideação. É a fase onde geramos o máximo de ideias possível, a fase da criatividade e de pensar “out of the box” sempre com o objetivo de que estas ideias sejam potenciais soluções para responderem às necessidades dos utilizadores. Para selecionar a solução final é importante que esta cumpra três critérios: ser tecnicamente possível, viável economicamente e desejável (responde às necessidades dos utilizadores).
  4. Protótipo. Depois de selecionada a ideia, é tempo de a colocar em prática. Isso é feito com a criação de um protótipo que basicamente pode ser qualquer coisa com a qual o utilizador pode interagir.
  5. Testes. É nesta fase que os protótipos são apresentados aos utilizadores e é recolhido feedback. Esta fase serve para melhorar as ideias e soluções sendo por isso um processo iterativo.

De referir que este processo não é linear sendo possível desenvolver várias destas fases em paralelo, repetir fases e retroceder a fases anteriores em qualquer ponto do processo.

E como pode o Design Thinking ajudar o Product Owner (PO) a optimizar a gestão dos seus produtos?

Um excelente Product Owner terá de ser um “expert” em entender as necessidades dos seus utilizadores, mesmo antecipando novas necessidades e ao utilizar técnicas de Design Thinking o PO tomará decisões baseadas no que os utilizadores realmente querem em vez de se focarem em desenvolver funcionalidades baseadas em análises de sensibilidade.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O Design Thinking oferece ao PO toda uma nova abordagem para pensar “out of the box” desenvolvendo a criatividade necessária que lhe permite chegar a soluções inovadoras para os seus produtos.

Uma das principais funções do PO é a gestão e prioritização do backlog dos seus produtos e todos sabemos que este backlog não é estático, sofre alterações de acordo com desenvolvimento do mercado ou novos processos negócio. O facto de se utilizarem técnicas para desenvolvimento de protótipos e testes de forma iterativa para recolha feedback permite ao PO obter informação extremamente relevante para poder refinar o seu backlog.

O Design Thinking não é certamente a única metodologia que o Product Owner deve conhecer. No entanto se tiver desenvolvido esse “mindset” é seguro que esteja a desenvolver o correto produto que responda às necessidades dos seus utilizadores. A última coisa que um PO quer que aconteça é construir um excelente produto que ninguém utiliza!

Marta Soeiro é Practice Lead e IT Product Management Lead na Equipa da Worten Tech Team @ Sonae. É responsável pela implementação da estratégia de desenvolvimento produtos IT na área de Serviços e Pós-venda da Worten. Possui mais de quinze anos de experiência em liderança de equipas em áreas tão diversas como desenvolvimento negócio, gestão risco/gestão operacional tendo tido responsabilidades ibéricas e nos últimos cinco anos na área de transformação digital, gestão projetos e desenvolvimento produtos IT. Marta Soeiro tem um MBA da Católica/Nova (The Lisbon MBA) e é licenciada em Engenharia Mecânica pelo Instituto Superior Técnico.

O Observador associa-se à comunidade Portuguese Women in Tech para dar voz às mulheres que compõe o ecossistema tecnológico português. O artigo representa a opinião pessoal do autor enquadrada nos valores da comunidade.