Estou preocupada.

Esta é uma afirmação que vai, certamente, ser feita por milhões de mulheres nas próximas 24 horas. E depois, também, em todos os dias que se seguirem. E até ao fim dos tempos, enquanto existirem seres humanos do sexo feminino.

Estar preocupada com alguma coisa parece ser algo inerente à mente feminina.

É como se as mulheres tivessem uma espécie de radar que varre de forma constante toda a realidade que conhecem. É um radar que procura e detecta um tipo específico de elementos: as Preocupações.

O radar feminino das Preocupações não deixa escapar nenhuma, quer estejam já confirmadas e certas, ou sejam apenas hipotéticas e eventuais, quer elas existam já no presente, ou pertençam apenas a um possível futuro.

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E isto ocorre de forma permanente, mesmo que a mulher esteja embrenhada a fazer ou a pensar noutra coisa qualquer. Mas a actuação do radar é muito mais evidente nas alturas em que o cérebro feminino se encontra sem ter nenhuma outra coisa para fazer ou pensar. É que a mente de uma mulher não consegue estar parada. Nunca. E quanto menos tem que a ocupe, mais se concentra toda no radar das Preocupações.

O exemplo mais paradigmático, é aquilo que acontece quando uma mulher está acordada, de noite, sem conseguir dormir. Nessa altura, o radar traz à superfície do consciente todas as Preocupações que foi detectando ao longo do dia. E durante esses minutos e horas de insónia, o pensamento da mulher vai saltitando de Preocupação em Preocupação, revendo cada uma delas, analisando as suas causas e consequências. E as Preocupações vão sendo escrutinadas uma a uma, num movimento circular que regressa sempre à Preocupação inicial, recomeçando de novo o circuito.

Para além de pensar nas Preocupações, falar sobre elas é também algo de essencial para uma mulher. Com efeito, é a única forma de aliviar (temporariamente) o peso que as Preocupações exercem sobre a sua mente. As mulheres acreditam que partilhar uma Preocupação a diminui, pois que a divide pelas pessoas com que é partilhada.

Ora, este processo não é facilmente compreendido pelos homens.

Os homens também têm Preocupações. Mas toda a sua mente trabalha com o objectivo de não pensar nelas. O pensamento masculino, ao invés de trabalhar de forma circular, numa revisão sistemática e repetida das Preocupações, processa-as, utilizando questões do género de esta Preocupação será mesmo real? Não posso fingir que não existe?”, ou, então, posso resolver esta Preocupação? Não posso? Então não vale a pena pensar mais nela”.

Portanto, a mente de um homem procura activamente (desesperadamente) não pensar nas Preocupações. E quando tal é impossível, aquilo que os homens mais desejam é não falar sobre as suas Preocupações, mesmo que estas existam nos seus pensamentos. Assim, eles tentam constantemente ocupar a mente e o discurso com qualquer outro assunto, o menos relacionado possível com aquilo que os preocupa. Se são problemas laborais os mais importantes na sua vida, buscam discussões sobre futebol. Se a Preocupação é antes a sua vida conjugal, então dedicam-se às questões laborais. Porque os homens acreditam que partilhar uma Preocupação multiplica o seu tamanho pelo número de pessoas com que o fazem.

Esta ideia é mal aceite pelas mulheres.

O seu radar é de tal forma evoluído e perfeito, que elas pressentem e detectam as Preocupações dos seus homens, quase por instinto, mesmo com todo o esforço deles em as evitarem. E elas tentam trazê-las à superfície e obrigar os seus homens a falarem sobre aquilo que os preocupa. Ou deveria preocupar.

As Preocupações de um homem fazem frequentemente parte das Preocupações da sua mulher. Esse é, aliás, um dos problemas da mente feminina: a empatia.

As mulheres sentem facilmente como suas as emoções que imaginam que outros possam estar a sentir. E sofrem com o sofrimento dos outros. Empatia.

Da mesma forma, o seu radar não detecta exclusivamente Preocupações cuja causa, consequência ou solução sejam da sua responsabilidade. Detecta também Preocupações de outras pessoas, cuja origem, implicações ou resolução pertencem a outros, não a elas próprias. É a (maldita) empatia.

E é assim.

As mulheres preocupam-se. Os homens despreocupam-se.

Mas é por isso que as mulheres são a força motriz de tanta coisa e que a pergunta que um filho mais frequentemente faz ao seu pai é: “Pai, onde está a mãe?”

P.S: Esclarecimento atempado: nem todas as mulheres são assim, nem todos os homens são assim. É possível este texto se aplique apenas a 90% dos indivíduos de cada sexo…