Existe uma relação inversa entre o número de objetivos1 que nos propomos atingir e o sucesso que obtemos.  Este nexo é verificável empiricamente. Observamo-lo na gestão empresarial, na governamental, e até na pessoal: o sucesso está ligado à capacidade de foco e ao estabelecimento de prioridades2. Quem corre atrás de dois coelhos muito provavelmente não apanhará nenhum. Esta conexão deve-se a nós, os humanos, sermos seres limitados, finitos. Podemos ser deuses, mas não Deus.

A mesma relação verifica-se também entre o número das medidas que nos propomos implementar para atingir cada objetivo e o seu sucesso. Quanto mais medidas pusermos na lista, maior a probabilidade de não completar nenhuma em tempo útil. O problema não está tanto na quantidade de medidas, mas na nossa natural tendência para as querer implementar todas ao mesmo tempo.

A solução é óbvia, mas difícil de levar à prática: correr atrás de um só coelho de cada vez. Para conseguir correr atrás de um só precisamos de esquecer que o outro existe. Porque no momento que nos lembramos daquele perdemos o foco na trajetória que temos de seguir para apanhar este. Para tal temos que dissipar o temor de que não haja mais coelhos, problemas, causas ou objetivos louváveis quando acabarmos de apanhar este que estamos agora a perseguir.

Moral nº 1: quem quer mesmo realizar obra, seja partido político, gestor, ministro, estudante, diplomata, enfermeiro ou outro profissional não deve ter a cada momento mais do que uns poucos objetivos ou to do na sua lista, três ou quatro no máximo.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Mural nº 2: quem quer mesmo não fazer nada, mas não passar pela vergonha de ser um desorientado, inútil ou cabeça-oca, elabore e publique listas, programas de ação, e planos estratégicos com dúzias ou centenas de objetivos, medidas e ações a implementar. Se tiver dúvidas de como proceder consulte os programas eleitorais do ps/d, os dos guvernos do sr. eng. Costa, ou u Plano de Recuperação Económica de Portugal 2020-2030, tudo exemplos exímios da recomendação de Napoleão Bonaparte (1869-1821): “se desejas ter sucesso3 no mundo, promete tudo, não faças nada”.

U avtor não segve a graphya du nouo AcoRdo Ørtvgráphyco. Nein a do antygo. Escreue coumu qver & lhe apetece. #EncuantoNusDeixam

  1. Objetivo: algo que se quer atingir ou fazer; coisa que requer esforço & trabalho; aquilo que dá sentido a uma ação ou à vida; o exemplo clássico do efeito positivo de se encontrar um objetivo primordial para a vida é o do suíno gadareno que abandonou o seu pastar errático e sem propósito por um objetivo claro para o qual correu e que lhe deu um lugar imorredouro na história da humanidade (Mt 8, 28-34), sendo que a reação dos seus proprietários a este sucesso reflete o tradicional imobilismo e aversão à mudança de pessoas ricas em objetivos mas pobres em prioridades.
  2. Prioridade: a condição de ser considerado e tratado como o mais importante, seja na república dos factos ou na igreja das ideias; presidente que controla a república dos objetivos civis; primaz que domina a igreja das intenções religiosas.
  3. Sucesso: consecução de um objetivo; obtenção aleatória de algo não desejado nem planeado mas que de repente passa a ser um objetivo do guverno; pecado capital contra a virtude da igualdade; dois sinais exteriores de sucesso são magreza intelectual e gordura corporal; estudos científicos recentes mostram que a primeira é uma das causas da segunda, especialmente em meios académicus.