Reza a lenda que quando Alexandre Magno encontrou Diógenes lhe perguntou o que podia fazer por ele, ao que o velho filósofo respondeu: “bem, para começar, podes afastar-te um pouco, que me estás a tapar o sol”. Este episódio é descrito no extraordinário livro de Henry Hezlitt, A Economia numa Lição, acrescentando Hezlitt que isso é o que qualquer cidadão tem o direito de pedir ao seu governo, que se afaste do sol, ou seja que o deixe viver a sua vida em liberdade.

Lembrei-me desta passagem ao ouvir António Costa e Silva, o autor do Plano de Recuperação e Resiliência e novo ministro da Economia, em entrevista: é preciso mais Estado na Economia, mas as empresas têm papel fundamental”. Ao ouvir a entrevista percebemos que ACS pretende salvar as empresas lucrativas da ruína causada pela pandemia Covid-19, mas o que o novo ministro da Economia não diz é que foi o Estado que atirou essas empresas para a falência, foi o Estado que não as deixou trabalhar e que as paralisou durante demasiado tempo, portanto o que ACS propõe é que o Estado salve as empresas que ajudou a destruir. Curioso no mínimo.

Sobre a TAP diz ACS: “sou favorável a que o Estado intervenha na TAP, não podemos deixar que empresas que podem ser rentáveis entrem em estado de coma”. Convém dizer que o problema de a TAP ser ou não rentável era um problema dos seus accionistas privados, passou a ser um problema dos contribuintes portugueses após a sua nacionalização pelo governo, tornando-se assim um problema de todos nós. Mais Estado na TAP é apoiar a subsidiação de rotas como querem Pedro Nuno Santos e Rui Moreira? Quanto dinheiro será preciso enterrar na TAP para que se perceba que já fomos longe demais?

Sejamos claros, mais “Estado na economia” só pode querer dizer, mais empresas dependentes do Estado, mais favores a amigos, mais dinheiro público desperdiçado em empresas inviáveis, mais dívida e, no fim de tudo isto, mais pobreza. O que precisamos neste momento é exactamente o contrário, precisamos que o Estado liberte a sociedade, acabe com as restrições, e deixe a economia e o mercado funcionarem. Precisamos de acabar com todos os entraves à iniciativa privada, acabar com a burocracia associada à formação de novos negócios, temos de reduzir impostos e atrair investimento nacional e estrangeiro, só assim poderemos atrair empresas, aumentar a produtividade, fazer crescer a riqueza e, no fim, pagar melhores salários.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

António Costa resolveu juntar todos os seus possíveis sucessores no governo, montou um executivo ainda mais político, onde muito poucos vieram da sociedade civil ou tiveram experiência no sector privado, ou seja, a maioria dos seus ministros pouco ou nada fizeram fora da vida política, não conhecem o “país real”.

António Costa tem neste momento dois cenários possíveis, ou sai para um cargo europeu ou se arrisca a ser o primeiro-ministro mais tempo em funções da nossa democracia, mas ser muito tempo primeiro-ministro não faz de ninguém bom primeiro-ministro. Costa arrisca-se a deixar um país em pior condição do que encontrou.

No fim teremos um país com mais igualdade, como a esquerda tanto gosta, mais essa igualdade significará apenas que seremos todos igualmente pobres.