No último quartel do século XIX, os decisores políticos e diplomatas britânicos tomaram uma decisão tão difícil quanto notável. Perceberam que o seu declínio internacional era inevitável e, em vez de lutarem contra ele como fazem a esmagadora maioria dos estados nas mesmas condições, começaram a preparar a sua nova condição no sistema internacional.

Nem tudo correu como previram, evidentemente, porque na vida política aquilo que outros fazem e pensam está para além das possibilidades de cada país. Não era possível prever as transformações internas na Rússia e na Alemanha. Mas protagonizaram uma das muito poucas transições de poder pacíficas com uma das novas potências emergentes, os Estados Unidos da América, mantendo assim, nas décadas seguintes, uma influência internacional muito superior ao seu poder real.

Chegados aos anos 2010, percebemos que há muitos britânicos que nunca perdoaram esta ousadia, leia-se, perder o império sem dar luta. Ainda a semana passada, com a escolha de Boris Johnson para primeiro-ministro, tivemos um exemplo bem claro de que o espírito da velha Inglaterra está bem vivo e veio para ficar. Sob forma de ilusão.

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