1 As notícias recentes são tenebrosas para o Mundo. A seita dos talibãs, vinte anos depois, volta a tomar posse do território que desgraçadamente foi seu por tempo demais. O Afeganistão, que durante algum tempo, vinte anos, conseguiu voltar a dar aos seus cidadãos uma vida próxima do normal, apesar do atraso económico, está de novo na mão de selvagens.

Não foi preciso muito tempo depois da saída das tropas norte-americanas, ordenada pelo politicamente correto Joe Biden, para que o que estava interrompido voltasse a ser a normalidade do país.

Faço parte do grupo de pessoas que, apesar de não com grande entusiasmo, desejou a vitória de Joe Biden nas últimas eleições nos Estados Unidos. Esperava, no entanto, mais responsabilidade e menos impulsividade. O novo presidente dos Estados Unidos acaba de cometer um crime à escala global ao dar seguimento à decisão irresponsável do seu antecessor de retirar do Afeganistão rapidamente e em força. O resultado levou poucos dias a fazer-se notar. Os talibãs estão de volta com todos os seus horrores.

De todas as suas práticas malsãs, aquela que sempre mais me horrorizou é a forma como tratam as mulheres e as meninas. Não, não são práticas nem tradições religiosas, é tortura o que espera todos os seres humanos do sexo feminino por aquelas terras. Na verdade, os animais têm uma expetativa de vida melhor do que qualquer menina, rapariga ou mulher no Afeganistão. Ser do sexo feminino naquela terra, a partir de hoje, e no passado recente, é ser uma vítima em holocausto.

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Estranho não ouvir por estes dias uma única voz das defensoras do movimento internacional Me Too a falar sobre isto ou a defender os direitos destas mulheres.

Neste momento, Me Too me assumo. Eu que sou mulher e mãe de uma mulher, peço um grande movimento de indignação pelos direitos destas mulheres.

2 Não são só mulheres, mas é de uma que falo. A atleta olímpica Krystsina Tsimanouskaya, vítima do talibã do ocidente Alexander Lukashenko, suposto presidente da Bielorrússia, protegido pelo talibã dois, Vladimir Putin, ex-KGB, presidente da Rússia.

A atleta teve que fugir apressadamente dos Jogos Olímpicos, porque o ditador de Minsk não gostou dos seus comentários nas redes sociais. Vai daí mandou recambiá-la de volta a casa para o devido castigo. Sabendo do que a casa gasta, a atleta aproveitou o facto de estar nos Jogos Olímpicos para fugir do país por temer pela própria vida.

Ao ouvir a história lembrei-me de inúmeros casos semelhantes no século passado e pensei: será possível que não aprendemos nada com a História? Será possível que tão poucos anos depois estejamos a repetir os mesmos erros ingénuos do passado?

Só para lembrar, o Afeganistão foi o caldeirão terrorista que nos levou aos impensáveis ataques terroristas às torres gémeas de Nova Iorque em 2001. Os terrores soviéticos levaram-nos aos horrores dos genocídios de Estaline e ao terror ainda por contar da cortina de ferro, onde ainda não sabemos bem o que aconteceu. As histórias épicas de fugas, algumas delas aproveitando a ocasião dos Jogos Olímpicos, deviam fazer-nos pensar sobre o que se passou e o que, pelos vistos, se continua a passar daquele lado do Mundo.

Uma coisa é certa, os exemplos recentes de que aqui falo demonstram bem que não virámos a página dos horrores no mundo contemporâneo. Numa época em que as redes sociais são usadas para a defesa de tantos direitos, sobretudo dos direitos das mulheres, pergunto porque não são estes movimentos tão ativos na defesa de causas bem mais importantes para as defender? Não dá tantas manchetes nem garantias de sucesso? Mas não é para isso que servem estas campanhas? Do que é que estão à espera para defender os direitos destas mulheres? Eu já cá estou. Só me falta inventar um nome giro para dar nome à campanha contra talibãs e Lucachenkos.