Nas vésperas da Cimeira do G20, que decorreu este fim-de-semana em Osaka, Vladimir Putin anunciou, no Financial Times, que a “ideia liberal” está obsoleta. O presidente russo conseguiu o que queria: deixar toda a gente num alvoroço a perguntar-se se tem ou não razão.

Putin referia-se à ordem internacional: a teia de instituições internacionais, acordos e regimes transnacionais para regulação de assuntos que dizem respeito a todos, como o comércio internacional ou o clima, e as normas escritas ou subentendidas que regulam as relações entre os estados. Essa ordem foi criada pelos Estados Unidos durante a II Guerra Mundial. Não sejamos ingénuos: as “ordens” (houve umas quantas anteriormente) servem os interesses das potências que as criam. Mas também têm que ser suficientemente legítimas e aceitáveis para que um conjunto significativo de estados esteja disposto a subscrevê-las.

Durante a Guerra Fria, a ordem liberal, limitou-se à geografia Ocidental – no sentido lato do termo – mas depois do colapso da União Soviética tentou expandir-se a todos os cantos do mundo. Como se sabe, a democracia, o liberalismo, as liberdades individuais e sociais, a ideia de que os direitos humanos são universais e os mercados livres são os princípios fundamentais que sustentam essa ordem. E Putin até pode ter razão quando à dificuldade de suster agendas transformativas ambiciosas. Mas não pode determinar os valores que cada sociedade subscreve e as associações que os estados fazem entre si.

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