Existem muitas razões para fugir de uma pessoa. Negatividade, mau hálito, conversas intermináveis, oportunismo, falta de noção. Mas, quando se trata de relacionamentos a dois, essas razões para fugir podem ser um pouco mais subtis. E, sobretudo quando se trata de relacionamentos com homens, é preciso ter algum cuidado.

São cada vez mais frequentes os relatos de violência contra a mulher, seja física ou psicológica, e essa é uma realidade que precisamos encarar. Parece algo distante, mas é algo corriqueiro, presente e próximo. Algumas mulheres não contam, outras nem enxergam, mas precisamos falar sobre isso.

A chamada “masculinidade tóxica” é um tema que vem sendo muito debatido atualmente. As formas como uma sociedade machista impões comportamentos tóxicos aos próprios homens, que precisam ser brutos, competitivos, provedores, livres de sentimentos e, quiçá, violentos, são cruéis. Tudo isso me fez pensar numa pequena lista de comportamentos que denunciam homens desse tipo e que, consequentemente, tendem a colocar a felicidade, a liberdade e a segurança de uma mulher em risco.

1. O homem que dá socos nas paredes

Sim, há muitos deles por aí. Soquinhos histéricos nas paredes, murros nos móveis, pontapés em cadeiras. Pessoas que chegam nesse nível de descontrolo precisam, com urgência, buscar ajuda psicológica. Porque não é difícil que nos primeiros dias os socos sejam nas paredes, mas que nos dias subsequentes o alvo seja outro. Proteja-se.

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2. O homem que tem medo de homens gays

Não vejo muitos homens que tenham medo de mulheres. Eles não costumam achar que uma de nós pode atacá-los nas ruas, dominadas por um irresistível e violento desejo. Não. Mas, por alguma razão, há homens que acham que homens gays farão isso. E basta ver um gay na rua ou trabalhar com um no escritório, que eles ficam em pânico. Em outros casos, têm medo até de conversar com um gay e de, eventualmente, pensarem que ele também é homossexual. Complicado. Busque um homem seguro acerca da sua masculinidade. De uma masculinidade saudável, acima de tudo.

3. O homem que chama ciúme de proteção

Essa é uma espécie frequente. Tenta interferir na roupa, no meio de transporte, nos compromissos de trabalho, nas amizades e nas rotinas. Diz estar querendo proteger. Mas cerceia, limita, impõe suas vontades. E se elas forem ignoradas, costumam dar os tais socos na parede. Não, isso não é amor, não é afeto, não é proteção. É ciúme descontrolado e machismo.

4. O homem que grita com a própria mãe

Na Odisseia, de Homero, há um trecho no qual Telêmaco, ainda adolescente, diz para sua mãe, Penélope, na frente dos convidados “Volte para os seus aposentos e retome seu próprio trabalho, o tear e a roca. Discursos são coisas de homens, de todos os homens, e meu, mais do que qualquer outro, pois meu é o poder nesta casa”. Tem muito Telêmaco por aí. Silenciando a mãe, interrompendo a mãe e, o pior, gritando com a mãe. Vai por mim. Quem grita com a mãe não vai ser delicado com você.

5. O homem que não tem amigas mulheres

Amizade entre homem e mulher não existe. Oh, God. Isso é tão 1970. E naquela época já havia amizade sincera — assim como sempre houve. Ouvir essa conversa em 2019 dá até preguiça. Homens que só sabem lidar com homens, que não são capazes de dialogar e criar laços com mulheres sem intenções sexuais são uma outra espécie da qual devemos fugir. Quem não consegue ver mulher como indivíduo, enxergando-as sempre como objeto sexual, não tem como ser um bom companheiro.

6. O homem que se diz antifeminista

Por incrível que pareça, ainda há quem pense que feminismo é o contrário de machismo. Vamos lá: o machismo prega a superioridade masculina, o feminismo prega a igualdade de género. Então é simples, um homem que se diga antifeminista é um homem que se posiciona contra a igualdade. Precisamos falar mais alguma coisa sobre isso?

7. O homem que se envolve em brigas

Nada mais caricato da masculinidade tóxica do que os famosos valentões. Peitam as pessoas, esbravejam no trânsito, falam alto. Homens briguentos são homens com uma forte tendência a ser violentos. Todos nós sabemos disso. Uma coisa é ter opinião, argumentar, ter personalidade. Se envolver em pancadaria é o oposto disso. Corra, corra deles.

8. O homem que tem pavor de usar uma camisa cor de rosa

Esse geralmente é o mesmo homem que tem medo de conversar com gays. Acha que não há nada pior no mundo do que alguém imaginar que ele possa ser homossexual. Prefere ser confundido com um corrupto do que com um gay. E acha que camisa rosa é algo que representa um imenso risco dessa hipótese ocorrer. Pior ainda se tentarem vestir o filho dele de cor de rosa. Eles surtam.

9. O homem que defende outros homens em situações de machismo

Notícia de uma acusação de estupro: ah, mas a mulher deve estar mentindo, tem muita mulher que se aproveita dessas situações. Notícia de homofobia: ah, mas o mundo está chato, o cara não pode nem mais fazer uma brincadeira. Notícia de feminicídio: mas tem que ouvir a versão do homem também, não sabemos o que pode ter levado até isso. Complicado. Bem complicado.

10. O homem que defende o porte de armas

Quando estamos falando de masculinidade tóxica, estamos falando de risco. Estamos falando de possíveis cenários de violência. E, nesse quadro, falar em porte de armas é o pior que pode acontecer. O homem dos socos na parede, o homem dos ciúmes e das brigas, munido de uma arma é um homem que pode matar. Há muitos que matam. Segundo a ONU, a cada hora 6 mulheres morrem, assassinadas por homens conhecidos. Isso não é brincadeira. Nós temos que nos proteger e, sempre que possível, proteger as mulheres que nos cercam. Compartilhem essa mensagem com elas. Todas nós merecemos uma vida digna.