Apesar desta semana ter tido lugar a cerimónia dos Óscares, as nomeações que continuam a dar que falar são as que António Costa fez para o seu Governo. A pavonear-se na passadeira vermelha que PCP e Bloco de Esquerda lhe estendem desde 2015, com as novas nomeações o primeiro-ministro tem agora no Conselho de Ministros um pai e uma filha, e uma mulher e o seu marido. Hoje em dia as reuniões dos ministros do Governo do PS parecem um episódio do clássico seriado Dallas: os familiares todos reunidos para decidirem como gerir o património, e muito cinicamente a verem quem consegue sacar mais dinheiro dos ministérios dos seus parentes para o seu próprio ministério. A única diferença é que no rancho texano da família Ewing não havia vacas voadoras.

Com estas nomeações todas não admira que nas últimas sondagens a popularidade de António Costa esteja a descer: o primeiro-ministro já meteu tantos amigos no Governo que lhe sobram pouquíssimos para responder aos inquéritos de opinião. Embora tenha de ser dito que este hábito dos primeiros-ministros do PS terem óptimos amigos vem de longe: José Sócrates tinha Carlos Santos Silva, o melhor amigo do mundo; os amigos de António Costa, a julgar pela frequência com que ocupam cargos importantíssimos, são aparentemente todos eles os melhores do mundo; e depois há António Guterres, que tendo iniciado esta tradição dos líderes socialistas terem amigos soberbos, mantém amizade nas Nações Unidas com a Angelina Jolie. Numa altura em que a Lei da Paridade está na ordem do dia, talvez fosse importante criar uma quota no Governo para políticos que não sejam amigos pessoais de António Costa.

A propósito da Lei da Paridade, no Domingo passado uma mulher — Joana Bento Rodrigues — escreveu um artigo de opinião, aqui no Observador, em que explanou a sua, lá está, opinião sobre o feminismo. Digamos que, no essencial, é um ponto de vista que valoriza o papel da mulher enquanto mãe acima do papel da mulher a nível profissional. De acusações de “inimiga das mulheres”, a defensora da “opressão e (…) redução da mulher nas suas várias dimensões enquanto ser humano”, até ser considerada alguém que “não apenas deseja submeter-se ao escuro, mas resolve agir enquanto carrasco de milhões de mulheres pelo mundo” houve mimos de toda a sorte. Em tempos as feministas lutaram — e bem, obviamente — pelo direito das mulheres ao trabalho. Hoje, as feministas decidiram combater as mulheres que, em detrimento do trabalho, optam por dar prioridade aos filhos e à família. No fundo este novo feminismo é exactamente igual ao machismo, mas ao contrário. Digamos que é um machismo transgénero, para ser moderno e inclusivo.

Para acabar num tom mais consentâneo com a época festiva que se aproxima, na Venezuela a quadra está ainda mais próxima porque Nicolás Maduro decidiu antecipar o Carnaval. Não posso dizer que tenha ficado surpreendido. Este menino é déspota habituado há imenso tempo a alterar a data de eventos importantes. Basta ver há já quantos anos os venezuelanos não conseguem ingerir três refeições por dia a horas certas.

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