O ex-futuro sucessor. Miguel Alves caiu. Pedro Nuno Santos ganhou (mais uma vez). Pode perguntar-se: o que tem Pedro Nuno Santos a ver com Miguel Alves? Muito, pois Miguel Alves era o último dos nomes atirados por António Costa para travar Pedro Nuno Santos na corrida para a liderança do PS. Mas um a um, como peças de um carrossel de dominó, os preferidos por Costa vão tombando nessa espécie de intercalares que estão a ocorrer nos bastidores do PS: Ana Catarina Mendes e Mariana Vieira da Silva são cada vez mais vistas como eternas segundas figuras, indispensáveis mas segundas; já Fernando Medina não só não se consegue libertar do perfil do herdeiro – já recebeu a CML de Costa, depois aceitou o cargo de ministro das Finanças para que o mesmo Costa o convidou – como arrisca tornar-se no bode expiatório da crise.

O agora caído em desgraça Miguel Alves foi convidado para o cargo de secretário de Estado Adjunto de António Costa porque o governo precisava de coordenação. E, acrescento eu, porque António Costa viu neste presidente de uma distrital socialista não afecta a Pedro Nuno Santos o homem que poderia vir a enfrentar com sucesso o actual ministro das Infraestruturas.

À semelhança de José Sócrates, Pedro Nuno Santos assume o gosto pelo poder com aquela naturalidade rude que o PS adora e que a direita coitadita gostava de experimentar nem que fosse por um breves momentos. Pedro Nuno Santos surge aos socialistas como um José Sócrates que para mais não precisa de ser sustentado por um amigo. O facto de nem o país, e muito menos o PS, terem feito qualquer reflexão sobre o que levou o país à falência em 2011, deixou o campo aberto para esta recuperação do modelo do líder fazedor. (Significativa desta recuperação do imaginário de Sócrates é a entrevista de Mega Ferreira à Rádio Renascença: “Mega Ferreira pede decisões a Costa. Apesar de tudo, “com Sócrates as coisas avançavam”).

O resto já se sabe: Miguel Alves demitiu-se e tornou-se no ex-futuro sucessor de António Costa. Simultaneamente Pedro Nuno Santos soma espaço e poder. Porque viu sair de cena alguém que podia vir a ser um adversário difícil e também porque ele, Pedro Nuno, está agora naquele patamar em que por mais escandalosos que sejam os factos que protagoniza eles não geram casos apenas um encolher de ombros: sim, nos mesmos dias em que Miguel Alves tentava explicar os contornos de um contrato que celebrara enquanto autarca no valor de 300 mil euros, Pedro Nuno Santos não era minimamente beliscado pelos 3.2 mil milhões dos contribuintes portugueses que já derreteu na TAP e a que se juntarão até ao final deste anos mais 990 milhões. Dinheiro esse que Pedro Nuno Santos disse que a TAP devolveria aos portugueses e que, afinal, agora soubemos que não será pago. Pedro Nuno Santos beneficia já do estado de graça de que habitualmente gozam os segundos que se percebe irem vestir a pele de primeiros.

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O ministro cada vez mais só.Fora, fora Costa Silva! “Fora, fora Costa Silva!” Manifestantes pedem a demissão de um ministro?!! Há quantos anos isto não acontecia? As urgências falham. Houve mortes e nem um “fora” se ouviu. Aconteceram os incêndios de Pedrogão e Leiria. Tancos. O grotesco Eduardo Cabrita. O descontrolo na Educação. A confusão e a morte no SEF. Os impostos a crescer… Mas nada de nada fazia as manifestações descerem às ruas.  A ausência de contestação era tal que quando um grupo de pessoas que se manifestava contra as medidas tomadas no âmbito do combate à pandemia insultou Ferro Rodrigues, então presidente da AR, logo o país se encheu de notícias que davam conta dos insultos praticados por aqueles  que, sem mais nem porquê, são apresentados como negacionistas à segunda figura do estado. O PS considerou inaceitável o ataque a Ferro Rodrigues e a PSP participou os insultos dos ditos negacionistas a Ferro Rodrigues. E as autoridades vieram avisar que a ameaça dos negacionistas podia implicar reforço da segurança pessoal dos políticos.

A agitação mediática em torno daqueles que, sem qualquer critério, definiam com negacionistas contrasta com a simpatia e a tolerância que agora se reservam aos ditos activistas climáticos. Ou para mantermos o padrão dos rótulos, para com  estes afirmacionistas do apocalipse climático. Quanto a Costa Silva, ao seu isolamento no Governo tem agora de acrescentar esta marcação à sua presença. Costa Silva é um ministro cada vez mais só. Por quanto tempo se manterá no executivo?

Livrem os activistas do fóssil.” Os ativistas climáticos que desde segunda-feira ocupam a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa começaram a sair da instalação académica às 23:40 de sexta-feira, constatou a Lusa no local. No total saíram nove membros do movimento estudantil “Fim ao Fóssil: Ocupa!”, tendo ficado quatro. Segundo a PSP, os quatro jovens, entre os 19 e 24 anos, “encontravam-se ligados entre si através de tubos de PVC e mosquetões e com as mãos coladas ao solo“.

Tiraram-nos de lá porquê? Se queriam estar ligados entre si por tubos de PVC e mosquetões (tudo materiais que só existem graça ao fóssil) e para mais colados ao solo (mais uma vez quer a cola quer o solo resultantes do fóssil) porque os tirou a PSP de lá? Porque não ficam lá agarrados ao chão e livres do fóssil? Sem aquecimento, sem colchões, sem telemóveis, sem refeições … enfim sem nada que na sua origem, produção ou distribuição tenha tido a intervenção do nefando fóssil. Tirá-los de lá é que nunca! Os activistas, mais o engenheiro Guterres e o genro do dr. Louçã, podem começar também eles mesmos por abdicar do fóssil. A humanidade agradece.