Existe uma geração, a geração sanduíche, entre os 30 e os 50 anos, que vive sobrecarregada entre a responsabilidade dos filhos e a dos pais. Cuidam a dobrar ou triplicar. Vivem cansados e a correr entre cuidados com uns e outros. Não sobra tempo para si próprios.

Não se pode generalizar, considerando que nem todos os que se incluem neste intervalo etário vivem nestas condições, mas é uma parcela cada vez mais expressiva.

A capacidade de adaptação dos seres humanos é grande e perante os desafios da vida, vai fazendo-se um esforço de ajuste. No entanto, os ensanduichados vão ficando cada vez mais apertados entre as solicitações dos mais novos e dos mais velhos; para além das obrigações profissionais, conjugais, sociais, financeiras.

Como aguentar a pressão? Os casados que se dão bem, podem ainda apoiar-se. Quem tem irmãos, também pode dividir parte da responsabilidade. Os que não são casados nem têm irmãos, mais entalados, têm de se valer a si e aguentar tudo com mais esforço.

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Os ensanduichados correm o risco de ir abaixo e ninguém dar conta. Vão fazendo por cumprir todos os deveres e a fatia de prazer nas suas vidas diminuir cada vez mais. Ora, é importante, quanto antes, perceber como contornar as exigências para não perder por completo o fôlego.

Primeiro, reconhecer os limites. Possuir o discernimento que manobras de malabarismo nem para os prós é possível manter sempre todas as bolas no ar. Como tal, responder a cada qual obrigação com calma e de cada vez. Delegar. Os mais novos crescem e são capazes de se ir organizando com maior autonomia. Os mais velhos, não estando em situação debilitante e frágil, esperam um bocadinho.

Segundo, pedir e aceitar ajuda. Nem que seja conforto emocional, se não for ajuda concreta na divisão dos afazeres.

Terceiro, encontrar momentos de desafogo e descanso. Para não ficar comprimido. Mesmo com pouco tempo, procurar tempo a sós.

Há de facto alturas na vida muito difíceis.  Situações em que é um extremo desafio conseguir conciliar tudo e todos. Todavia, sermos internamente capazes de viver esses momentos com o menor aperto e angústia, facilitará passar por essa fase de compressão.

Há que entender que vai fazendo-se o melhor que se pode. Tentar ser o mais flexível possível e tolerante consigo próprio é uma das formas de suplantar as dificuldades. A perfeição não existe e ser rígido atrás dessa ideia omnipotente que se faz tudo, é irrealista. Entre, aguentar a pressão e retirar também a satisfação da relação com os descendentes e ascendentes, contar com os possíveis momentos de bem-estar, ajuda a superar o efeito ensanduichado. Uns dias melhores, outros piores, vão adequando-se soluções e aproveitando instantes de compensações.

anaeduardoribeiro@sapo.pt