Os Jovens Portugueses atravessam hoje uma crise profunda de identidade, valores, falta de oportunidades e uma completa falta de esperança naquilo que será o seu futuro e a sua prosperidade. Nenhuma força política, à exceção dos novos partidos em rápida ascensão, tem intenções quer de diagnóstico, quer de produção de soluções reais e concretas de apoio. As forças do sistema insistem ano após ano em colocar os de fora à frente dos nossos e de premiar quem se subjuga a este sistema decadente.

Olhar para os dados estatísticos, por mais que o mainstream os tente ocultar ou até relativizar, pode causar pânico a qualquer jovem, principalmente aos mais ambiciosos ou com mais expetativas depositadas no seu futuro. Saber que 30% dos jovens pensa emigrar, que um em quatro já esteve ou está medicado com antidepressivos e que mais 30% se considera extremamente infeliz na sua vida podem ser dados muito duros e de difícil digestão pela população portuguesa, mas no panorama político atual parecem constituir uma preocupação apenas das novas forças políticas, em especial do partido Chega.

Como podem partidos políticos com décadas de existência e consolidação dizerem que representam os portugueses e o seu maior interesse, quando praticam taxas discriminatórias com a sua própria população, altíssimas e que prejudicam em grande medida quem mais produz e trabalha, executando ao mesmo tempo taxa única de IRS de 20% para emigrantes e residentes não habituais. Tendo sido o partido Chega o mais ativo naquilo que é a promoção de uma solução semelhante para todos os portugueses, considero que estes devem constituir os verdadeiros destinatários destas medidas e pelos quais é prioritário lutar e proteger, como verdadeiros herdeiros do trabalho e da luta que tantos portugueses fizeram ao longo do último século.

Os jovens portugueses saem hoje aos 30 anos da casa dos pais, quatro anos mais tarde do que a média dos restantes europeus. O mercado laboral é extremamente punitivo para esta geração, durante a pandemia foram os mais afetados por estarem predominantemente em contratos precários e ficando assim sem apoios em caso de despedimento pelo tempo limitado de descontos. Não há progressão na carreira, o elevador social está parado, o sonho de subir na vida através do trabalho está morto. Sabe-se hoje que os lugares de topo estão ocupados por dinastias, redes de interesses, por quem é filho do dono ou do diretor e onde quem se conhece vale mais do que quem sabe.

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Nunca um jovem português teve tanta dificuldade em iniciar a sua vida, adquirir casa e formar família. Portugal é o campeão da Europa na perda de poder de compra, desde 2011 o preço das casas subiu mais 33% do que o aumento dos salários, a opção que surge é então o arrendamento, que tem o peso de 85% no rendimento médio a nível dos grandes centros. Ora num país que tanto gosta de ser recordista na Europa temos aqui mais um para o palmarés do derrotismo nacional.

A habitação social nas grandes cidades simplesmente não existe, a Câmara Municipal de Lisboa consegue gastar 400 mil euros por casa em prédios para renda acessível, projeto no qual foram prometidos 6000 fogos, dos quais apenas 800 foram entregues até à data. Em 2017, uma auditoria feita pela inspeção geral das finanças concluiu que o Estado é detentor de mais de 60 mil imóveis, nos quais 1600 são fogos em bairros municipais e que se encontram vazios. Deveria constituir uma prioridade a procura de utilidade para estes imóveis, que podem representar uma mais-valia para imensos jovens que não conseguem encontrar casa e iniciar a sua vida. Os governos socialistas preferem, no entanto, nada fazer e continuar com propagandas populistas sem que haja resultados visíveis e, não bastando isso, utilizam-se da continuidade dos problemas para os cavalgarem em períodos eleitorais.

Uma das soluções passa também pela nova construção, mas rapidamente nos deparamos com cargas fiscais sobre a edificação na ordem dos 30 a 40%. Já a nossa vizinha Espanha tem metade disto. No mercado de arrendamento, 30% do custo vai para o Estado. Os processos de licenciamento duram recorrentemente mais de três e quatro anos, somando a isto a falta de transparência e os casos poucos lícitos que se amontoam na justiça, muitos deles sob a alçada de uma das instituições que mais empregadores tem a nível nacional, a Câmara Municipal de Lisboa.

Necessitamos de uma força política com ideologias marcadamente conservadoras de forma a combater a agenda de esquerda e a consequente desvirtuação das verdadeiras prioridades que se tem verificado neste país. A tentativa de inversão de ordens naturais tais como a família e os filhos, onde são estruturalmente aceites os prevaricadores, o “chico espertismo”, quem se faz valer do sistema para seu próprio proveito, sentimento este generalizado, que vai de uma ponta a outra da sociedade, desde quem prefere viver à custa de subsídio do que procurar emprego ativamente, até à aceitação moral de personagens como Salgado e Sócrates, que conseguem viver vidas normais e de ostentação mesmo após terem impactado negativamente tantas vidas e com custos que até hoje desconhecemos. Sobre questões morais, nem partidos cimentados no panorama nacional, nem novos partidos tais como a Iniciativa Liberal têm algo a dizer.

Os portugueses não se devem esquecer de quem colocou o seu país na situação com os piores índices da Europa e, principalmente com a herança que estão a cultivar para as próximas gerações. É urgente uma mensagem, que já tarda, aos partidos do sistema, em especial ao Partido Socialista que tanto gosta de relembrar a sua história mas a quem faz falta relembrar a aliança que Mário Soares fez com o PSD e CDS no pós 25 de Abril para fazer frente ao PCP. Caso tivesse feito uma geringonça, teríamos chegado ao ponto da Albânia, uma das grandes inspirações do comunistas na década de 70. Na altura existia uma linha vermelha com os partidos de extrema esquerda. Vejamos bem ao ponto a que chegámos com o apagar dessa linha vermelha e que consigamos tirar as devidas ilações, tendo a esperança que não seja tarde de mais.