Em 2019, nas últimas eleições legislativas, o então líder da Iniciativa Liberal, Carlos Guimarães Pinto convidou-me para ser cabeça-de-lista pelo distrito de Setúbal. Foi um privilégio e ao mesmo tempo uma aventura para quem, como eu, a única experiência política que tinha era ter estado nas listas para as eleições europeias, também pela Iniciativa Liberal.

Nessa altura, a Iniciativa Liberal não tinha qualquer núcleo constituído no distrito, membros teria cerca de uma dezena, nem todos especialmente ativos. Mesmo assim, apesar de todas as dificuldades, conseguimos formar uma grande equipa e atingimos o terceiro melhor resultado do partido a nível nacional. Nessas eleições, 4133 pessoas votaram em nós porque acreditaram no projecto que estávamos a apresentar.

Hoje, existem quatro núcleos formalizados em todo o distrito – Almada, Montijo, Setúbal e Seixal – e outros tantos em formação, num esforço coordenado entre a Comissão Executiva e as estruturas locais. Se em 2019 existiam apenas 10 membros em todo o distrito, hoje só o núcleo de Almada tem quase 50 e estes quatro núcleos irão apresentar candidaturas às respectivas câmaras municipais, assembleias municipais e juntas de freguesia; em Almada, por exemplo, núcleo do qual sou coordenador-geral e candidato à assembleia municipal, concorreremos a todas as juntas de freguesia, num processo que juntará mais de 100 pessoas.

É para mim um grande orgulho ver hoje como a Iniciativa Liberal se desenvolveu no distrito, mas deixem-me que vos diga, não fico admirado. O distrito de Setúbal é hoje o melhor exemplo de como a esquerda retrógrada, míope e inimiga da iniciativa privada foi capaz de submeter um distrito inteiro à pobreza, estagnação económica e retrocesso social. O mais extraordinário de tudo, é que é essa mesma esquerda que o assume. Numa moção recentemente aprovada pelo PS Setúbal, onde se reclama uma NUT (Nomenclatura Unidade Territorial para fins estatísticos) para o distrito de Setúbal, pode ler-se:  “Atualmente, Portugal continental encontra-se organizado em cinco NUTS II. O Norte, o Centro e o Alentejo são consideradas regiões menos desenvolvidas, o Algarve é considerado região de transição e a AML é a região mais desenvolvida do conjunto, com um PIB per capita superior a 100% da média UE27”, dizem os signatários do documento que, explicam ainda que “contudo, há muito que se sabe que este valor é fortemente inflacionado pelo PIB dos concelhos mais ricos da margem Norte da AML. De facto, com números de 2016, Almada, Alcochete, Barreiro, Moita, Montijo, Palmela, Seixal, Sesimbra e Setúbal registaram, em conjunto, um PIB per capita equivalente a apenas 58% da média UE. O PIB per capita da AML omite, portanto, importantes desequilíbrios económicos e sociais nesta região”. Estamos, portanto, ao mesmo tempo perante um assumir de responsabilidades políticas, mas também de um exercício de hipocrisia. Vamos por partes: por um lado, a esquerda domina as eleições no distrito em diferentes eleições, quer legislativas quer autárquicas, todas as câmaras municipais são socialistas ou comunistas e a esquerda, em conjunto, elegeu 15 deputados para a Assembleia da República, de um total de 18 que o distrito elege; por outro lado, o PS está no Governo nos últimos cinco anos.

A pergunta que se deve fazer é a seguinte, por que razão, então, o Governo não atribui uma NUT II ao distrito de Setúbal se os deputados do PS entendem que é tão necessária? Vale a pena continuar a eleger estes deputados se não têm força para impor a sua vontade ao Governo?

A pobreza, estagnação económica e retrocesso social neste distrito tem um nome: esquerda. Nas próximas eleições a alternativa é liberal.

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