O brilhareto da conversa de esquerda vai encher os media, conversas de café e redes sociais. Farão esquecer a austeridade, inflação e quatro meses sem OE. Tudo para celebrar uma data à qual falta contexto histórico para tantos e tantos jovens. Tudo para se aclamar a liberdade que se grita mas não se vive em Portugal.

Virão o PCP e o BE gritar ser os heróis da liberdade quando se assumiram contra as medidas de defesa pela paz na Ucrânia? Virá o PS aclamar a liberdade quando prende de pés e mãos o poder de compra dos portugueses? A liberdade não pode ser tomada como garantida, porque, no fim de contas, viver num país livre não significa que tal condição perdure, nem que a Pessoa Humana o seja.

O 25 de Abril de 1974, considerado por tantos como data única da democracia e liberdade, é levado ao extremo do populismo. Relembre-se, então, que não é uma data de esquerda e que só a 25 de Novembro de 1975 se fez cumprir a promessa de Abril. A democracia e liberdade não têm proprietários e são uma luta que continua a ser de todos os dias.

Um país nunca será livre atirando ao chão o conceito da ética moral, da responsabilidade e da valorização das consequências. O socialismo, fortemente implementado e que se penetra por todas as vias representativas da sociedade, atravessa-se como um forte obstáculo à liberdade dos portugueses. A liberdade mais importante é a que não é exigida ao governo: a económica, com medidas de criação de riqueza, prosperidade, oportunidades, bem-estar e realização pessoal.

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Actualmente, a inflação e os efeitos da guerra surtem um grande peso no poder económico dos portugueses, o que acresce à elevada carga fiscal, subsídios intermináveis e investimento cego no sector público em detrimento do privado e das famílias. A resposta do governo insiste na criação de barreiras e restrições ao sistema económico e financeiro – com aumento dos escalões do IRS, dos funcionários públicos e criação de novos impostos – em vez de condições para uma economia dinâmica e produtiva. António Costa Silva, ministro da Economia e do Mar, diz estar a “considerar um imposto para os lucros aleatórios e inesperados” das empresas. Ser bem sucedido em Portugal aproxima-se de um crime punível por taxas e taxinhas, influenciando negativamente a competitividade económica.

A tão falada liberdade não pode ser reduzida a conversas sociais. A liberdade e dignidade da Pessoa Humana têm de ser avaliadas na sua condição total, considerando perspectivas de crescimento económico, transição digital, transparência ao nível político e das instituições públicas e fortalecimento da posição de Portugal ao nível europeu.

Fernando Medina, actual ministro das Finanças, após ser negado como Presidente da CML, apresentou um OE de austeridade evidente e irrealista sobre a recuperação económica. Os portugueses não podem desresponsabilizar quem aceita o pior dos destinos. Não podem celebrar a liberdade esquecendo-se de quem insiste em limitá-la. A democracia não deve servir o Estado, mas a população no seu total.

Ser jovem em Portugal não é uma condição de pessoa livre; é uma condição de constante incerteza. Assistimos a um agravamento da pobreza e exclusão, a um desvalorizar do elevador social, a um ensino precário e a condições de baixa independência financeira. Nascemos num país estagnado que nunca vimos crescer economicamente e que se afunda nos últimos lugares de crescimento e riqueza da União Europeia.

Celebrar o 25 de Abril é um orgulho. Muito é o que temos de agradecer, mas não podemos esquecer o futuro. Futuro esse que exige constantes avaliações e ajustes às necessidades do presente, que merece reformas e líderes que estejam à altura dos desafios. Os portugueses precisam de ambição e de acreditar que podem ser mais e melhor, com vontade de continuar a lutar pela sua liberdade e poder de decisão.

O 25 de Abril merece ser celebrado em honra ao passado, mas com olhos postos no futuro de Portugal.