No meio dos debates reacionários que têm corrido por todo o lado empurrando as mulheres para a cozinha e para a sala de partos, tentando instituir normas sociais que as arredem crescentemente dos trabalhos mais bem pagos e da participação política, não devemos esquecer os homens. Porque os constrangimentos sociais e culturais que se querem enrijecer sobre a liberdade das mulheres têm os mesmos efeitos na diminuição da liberdade dos homens. A relação mais próxima e mais afetuosa com os filhos – que é criada apenas com o toque de pele, os banhos, as papas que se dão, as histórias que se leem à noite – é-lhes vedada, para os remeter somente ao mundo laboral e para pináculo da autoridade familiar, em versão distante e ameaçadora.
É certo que somos um país machista e muitos homens preferem o descanso de ver o futebol do que participar no cuidado dos filhos e ganhar uma relação muito mais íntima e próxima. Mas, graças aos deuses, há muitos outros que não são wannabes de Archie Bunker. Em boa verdade, nos meios onde tenho a sorte de me mover, são a maioria. Pelo que decidi trazer dois exemplos.
Um (mais rápido de descrever) é Luís Pais Antunes, managing partner da PLMJ. É ele o cozinheiro (e que cozinheiro) lá de casa nos jantares de todos os dias e também aos almoços familiares de fim de semana (que incluem quatro crianças e adolescentes e, ocasionalmente, mais dois filhos adultos). Apesar da profissão exigente, raramente aceita compromissos que impliquem passar o serão longe da família. Nos dias em que a mulher, Sofia Vala Rocha, tem aulas de mestrado em horário pós-laboral ou atividades políticas, os filhos ficam somente à sua responsabilidade. Não usa o argumento ‘o meu trabalho é mais importante que o teu’ para se esquivar a não estar e não fazer.
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