E a escassos dias das eleições legislativas do próximo domingo, eis que as sondagens dão PS e PSD praticamente empatados nas intenções de voto. Resta saber se, à última hora, a coisa cai para António Costa, ou se cai para Rui Rio. O que acaba por ser um bocadinho indiferente. Porque caso caia para Rui Rio, em princípio, cai à mesma para António Costa. Porque cairemos todos numa extra-deprimente sequela da já de si hedionda trama de horror geringonçal que o líder socialista estreou em 2015.

Como estão recordados, em 2015 os eleitores optaram pela continuidade do governo liderado pelo PSD, apesar dos anos de intervenção da troika. Por seu turno resultado de mais um típico soberbo trabalho socialista. Pode dizer-se que, nessa eleição, os portugueses resgataram o prestígio da chamada sabedoria popular. Prestígio esse que andava pelas ruas da amargura desde que a sabedoria popular estabeleceu a expressão “Cor de burro quando foge”. Nas legislativas de 2015 a sabedoria popular foi resgatada, para vir António Costa, de imediato, lixar a sabedoria popular com a sua habilidade triangular, promotora da inédita ménage entre PS, PCP e Bloco de Esquerda.

Na verdade, esta habilidade triangular de António Costa esteve para a sabedoria popular como, por estes dias, José Sócrates esteve para António Costa. Como uma espécie de Kryptonite. Isto porque Sócrates deu uma entrevista na qual criticou, de forma até bem durinha, o desdém de Costa pela maioria absoluta por ele conquistada em 2005. Demorou o seu tempo, é facto, mas com esta “visita” à campanha eleitoral José Sócrates retribuiu, enfim, com idêntico entusiasmo e semelhante demonstração de apreço, aquela visita que António Costa lhe fez à prisão de Évora.

Agora, para quem idealizou, realizou, e trouxe até nós o filme de terror que foi a geringonça, não estava à espera que a aparição de José Sócrates assombrasse António Costa a este ponto. Está certo que o ex-primeiro-ministro é, de longe, o mais ilustre esqueleto que o PS podia ter no armário, mas ainda assim, que diabo, Sócrates é um afamado esqueleto que sai do armário com mais frequência do que um par de cuecas lavadas (quer dizer, espero que saiam dos vossos armários, com relativa frequência, cuecas lavadas. Caso contrário a comparação não funciona, seus porcalhões). António Costa tinha obrigação de estar mais habituado aos aparecimentos-surpresa deste esqueleto do que um pré-adolescente dos anos 80 estava às teias de aranha do Comboio Fantasma da Feira Popular.

Digamos que esta intervenção pública de José Sócrates foi um empurrãozinho na campanha de António Costa. Foi é um daqueles empurrõezinhos maldosos que os putos dão uns aos outros quando um deles acabou de tirar as rodinhas da bicicleta e ensaia deslocar-se sem apoios. Como Costa ensaiou durante a maior parte da campanha, desdenhando das suas duas rodinhas comunistas da geringonça.

No meio disto tudo, quem vê tornar-se real a possibilidade de ser primeiro-ministro é o nazizinho da Rosa Mota. Pois é. Rui Rio passou de fanático dos popós a nazizinho da Rosa Mota. Mas pronto, não há nada a fazer, porque temos de perceber que a Rosa Mota tem um ódio histórico ao nazismo. Aliás, ao longo da sua carreira, Rosa Mota aproveitou todas as oportunidade para demonstrar profunda repugnância a tudo o que é ideologia nazi. Basta lembrar, por exemplo, os Jogos Olímpicos de 1988. Nomeadamente, a recta final da prova. Quando Rosa Mota, em lugar de festejar por antecipação a iminente medalha de ouro na maratona, aproveita, isso sim, para levantar os braços revelando uns sovacos repletos de pêlo. Mesmo como quem diz: “Tomem, seus neo-nazis! Seus cabeças rapadas de um raio! Estão a ver o que é um visual como deve ser, cheio de pilosidade? Embrulhem!”

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