Todos concordamos que a escola se transformou numa “indústria” e parece assumir-se como uma “linha de montagem” de “produtos normalizados” ou de “jovens tecnocratas de sucesso”. Mas ninguém parece exigir que se pergunte o que é que queremos das crianças e para que serve a escola*. E até que ponto, ao funcionar assim, ela não estará a comprometer competências e recursos. E não estraga, por vezes, as crianças. Mais do que devia.
Todos concordamos que — seja por causa dos rankings, dos indicadores internacionais de sucesso educativo, dos quadros de honra, de mérito, de excelência ou de valor — a escola se transformou numa “feira de vaidades”. Onde os melhores alunos merecem mais cuidados (na forma como se organizam as turmas, se escolhem os professores ou se acarinham desempenhos) que os alunos com “necessidades educativas especiais”. Mas ninguém parece ter a coragem de questionar as equipas de explicadores a trabalhar para as notas das crianças, e os quadros de honra e os rankings dos exames como elementos de um marketing de consumo rápido que limita a escola, mais do que a favorece. Enquanto isso, fala-se na atenção que as retenções devem merecer e fica claro que elas deviam deixar de existir. Por mais que não se esclareça como. E por mais que, desde há muito, a formação dos professores não seja um preocupação da própria escola. E que os serviços de psicologia não correspondam, na opinião dos pais e dos professores*, aquilo que eles deviam ser.
Toda concordamos que as escolas têm, hoje, mais autonomia. Mas ninguém parece falar da forma como as metas curriculares, os programas e os conteúdos e a forma como a escola se burocratizou não poderão representar, no seu conjunto, uma forma de dar a autonomia, como uma mão, e de a tirar, com a outra.
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