Como pessoas temos uma grande tendência para saltarmos rapidamente para soluções. Quando surge um problema, o nosso primeiro instinto é pensarmos na solução para o problema. Nem nos questionamos sobre o problema que temos em mãos, e partimos de imediato para a sua resolução. Mas será esta a melhor maneira de criar produtos que resolvem os problemas que nos chegam?

Einstein tem uma frase bastante famosa em que refere que se tivesse uma hora para resolver um problema e a sua vida dependesse disso, passaria cinquenta e cinco minutos a entender a questão, pois entendendo a questão, poderia resolver o problema em 5 minutos. Perceber o contexto completo e ter todos os factos sobre o problema, é o primeiro passo para conseguirmos chegar a uma solução.

A nossa mente tem uma forma incrível de arranjar formas de nos esconder aquilo de que não sabemos tudo. Nós não gostamos do desconhecido e, por isso, arranjamos formas de completar o que não sabemos. Usamos experiências passadas e vias para completar os vazios. É exatamente isto que acontece quando partimos para a solução sem sabermos todos os detalhes, e sem nos apercebermos criamos soluções que longe estão de resolver o problema na totalidade. É essencial perceber o problema como um todo. Sem o entendermos, como podemos chegar a uma solução?

A tecnologia e os produtos tecnológicos têm esse propósito de resolver problemas e tornar a nossa vida melhor. A criação de produtos precisa de começar com a Definição do Problema, não podemos criar soluções sem ter uma ideia clara do problema que temos em mãos. A definição de problema passa por olhar para ele de diferentes ângulos e percebê-lo na sua totalidade. Aqui precisamos de entender quem são as pessoas que têm o problema, precisamos de o viver da mesma forma. Para o fazer calçamos os sapatos dos nossos utilizadores e experienciamos as suas dores. É necessário nesta fase aprofundar o conhecimento sobre o problema, e fazer todas as perguntas que possam surgir. Durante o aprofundamento do problema encontramos a razão da sua existência, desta forma as soluções que surgem não tentam apenas criar uma solução rápida que facilmente se torna obsoleta.

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Estando o problema definido, as possíveis soluções começam a surgir. Um problema possui inúmeras soluções. Quando a solução falha, por não percebermos o problema, acabamos por ficar bloqueados, mas quando o problema está bem definido e uma solução falha, apenas precisamos de experimentar outra solução. O processo da criação de produtos é um processo iterativo e experimental, com base na resolução dos problemas reais das pessoas e da sociedade.

Num mundo onde produtos são criados todos os dias, são os produtos que resolvem os problemas certos que se diferenciam. A definição superficial do problema não é suficiente, precisamos de o conhecer a fundo, perceber porque é que ele existe e qual a causa da sua existência. Entender as dores de quem tem o problema. Precisamos de passar os cinquenta e cinco minutos de uma hora a perceber o que realmente está por de trás dele, para conseguirmos depois resolver a questão certa e encontrar o produto que o vai resolver por completo. Trabalhar em tecnologia tem mesmo este objetivo de resolver problemas. Precisamos de ser empáticos, perceber os problemas dos outros para criar produtos tecnológicos que podem melhorar a vida da nossa sociedade, pois só assim conseguimos tirar partido da tecnologia para resolver problemas e melhorar a vida de quem utiliza os nossos produtos.

Rita Pais é Product Manager e olha para a tecnologia como um meio para resolver problemas e melhorar a vida da sociedade. Antes de se dedicar ao desenvolvimento de produto, estou Gestão Hoteleira, Marketing e Gestão. A curiosidade por novas áreas levou a descobrir a Gestão de Produto. Esta curiosidade hoje ainda se mantém e é esta que a leva estar sempre à procura de novos temas a explorar relacionados com diversidade, alterações climáticas e sustentabilidade.

O Observador associa-se à comunidade Portuguese Women in Tech para dar voz às mulheres que compõe o ecossistema tecnológico português. O artigo representa a opinião pessoal do autor enquadrada nos valores da comunidade.