Em Portugal

António Costa: Entre a extrema-esquerda e a Europa, vai tentar dar dinheiro aos portugueses para subir nas sondagens. Sabe que precisa de ganhar umas eleições e, se acreditar que será possível vencer, provocará uma crise politica para ir a eleições no final do ano. Se ganhar, tentará formar um governo de bloco central para provar que o PS é o partido indispensável da democracia portuguesa. Mas depois da campanha desastrosa para as últimas eleições, pensará duas (ou três) vezes antes de ir a votos.

Marcelo Rebelo de Sousa: Será o próximo Presidente da República. E será o mais activo e intervencionista de todos os Presidentes. Desde Mário Soares, será o único Presidente sem nunca ter exercido funções executivas antes de chegar a Belém. Alem disso, sobretudo se ganhar na primeira volta, terá uma legitimidade política muito mais forte do que Costa. Nunca São Bento foi tão pequeno em comparação com Belém. E Rebelo de Sousa e um homem de poder.

Pedro Passos Coelho: A candidatura de ‘centro-esquerda’ de Rebelo de Sousa torna Passos Coelho o líder da direita em Portugal. Acredita que voltará a São Bento e está preparado para passar dois anos a liderar a oposição. Rebelo de Sousa gostaria de o afastar da liderança do PSD, mas será difícil encontrar um rival à altura. Após os terríveis anos da ‘austeridade’, terá que se reinventar como líder político e preparar um programa político reformista para Portugal. E não há tempo a perder porque as eleições poderão ser em Outubro.

Futuro líder do CDS: Não será nada fácil substituir o líder, Paulo Portas, de maior sucesso na história do CDS. O título de “candidato de Portas” será um presente envenenado e por isso deve ser rejeitado. As leis do poder exigem que o novo líder se afaste imediatamente do anterior. A viragem a esquerda da politica nacional – com o PS aliado à extrema-esquerda e o PSD empenhado em ocupar o centro – dá alguma margem de crescimento ao CDS.

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Catarina Martins: Será a maior defensora do governo do PS e tudo fará para que se cumpra toda a legislatura. O BE é o partido que tem menos interesse em ir a votos. Sabe que Costa só irá a votos quando estiver convencido que reduzira o BE aos 5%. E precisa de quatro anos para consolidar o poder do BE nas estruturas do Estado. O BE decidiu que quer ser um partido de poder. O protesto é bonito, mas não chega.

Jerónimo de Sousa: Chegará ao fim de 2016 como líder do PCP? Juntamente com Costa, o líder comunista constitui a maior ameaça à sobrevivência da coligação das esquerdas. O PCP irá escolher friamente e sem quaisquer escrúpulos o momento que lhe convém para ir a votos. Ultrapassar o BE será uma obrigação para Jerónimo de Sousa ou para um outro futuro líder comunista. E quanto mais cedo, melhor.

No mundo

Angela Merkel: Continuará a liderar a ‘Europa’ em 2016. Apesar da crise dos refugiados, ninguém na CDU lhe faz sombra – e o partido não tem a tradição de afastar líderes quando está no governo. Durante o ano, Merkel decide se concorre as eleições de 2017. Espera-se que sim. De momento, ninguém na Alemanha está preparado como Merkel para reforçar o rumo europeu do seu pais.

David Cameron: O referendo europeu será o maior teste a sua liderança. Se ganhar, ficará na historia e reforça o papel do Reino Unido na União Europeia. Além disso, o partido Conservador tem a via do poder aberta até 2025. Se perder o referendo, terá que se demitir de PM e da liderança dos ‘Tory’. No meio de tudo isso, a Escócia tornar-se-á, muito provavelmente, independente. A Europa é o caminho para evitar a dissolução do Reino Unido.

Vladimir Putin: 2016 continuará a ser mau para a economia russa e os baixos preços do petróleo não vão ajudar. Apesar disso, Putin acredita na capacidade de resistência do povo russo e continuará uma política externa expansionista e agressiva. Continuará a provocar a instabilidade na vizinha Ucrânia e a usar a forca militar no Médio Oriente, agravando o conflito com a Turquia. No caminho de regresso ao estatuto de potencia global, a África será o próximo destino do novo expansionismo diplomático de Moscovo.

Dilma Rousseff/Lula: Dilma vai lutar pela sua sobrevivência em 2016. A investigação do caso ‘Lava Jato’ e o agravamento da economia – e do desemprego – não ajudam a resistir ao processo de destituição aberto pelo Congresso. De momento, Lula esta empenhado em ajudar a sua sucessora, e está também ele na linha de fogo do ‘Lava Jato’. Se acreditar que a passagem do PT à oposição é benéfica para a sua candidatura presidencial em 2018, poderá deixar cair Dilma.

Barak Obama: 2016 será o último ano das duas presidências do primeiro Presidente negro dos EUA (um feito histórico). Deixa a economia norte americana em bom estado e alcançou um acordo comercial no Pacífico, muito importante para o poder dos EUA na região. Não foi capaz de resolver satisfatoriamente os problemas do Iraque e do Afeganistão (mas não foi ele que começou essas guerras). Mas manteve-se firme perante a ameaça da Rússia na Ucrânia e foi suficientemente pragmático para emendar a estratégia na Síria, aproximando-se de Moscovo. Conseguiu ainda um acordo histórico com o Irão, sem afectar no essencial a aliança com Israel.

Futuro Presidente dos EUA: Com a ‘loucura Trumpesca’ que afecta o Partido Republicano, tudo indica que a Casa Branca continuará a ser ocupada por um Democrata. Não abona a favor da democracia americana que esse democrata seja um segundo Clinton (mesmo sendo a mulher do primeiro e não um filho). Mas se os republicanos recuperarem o juízo e elegerem Mario Rubio nas primárias, poderão regressar à Presidência. E esta é a eleição que deveria ser ganha por um Republicano.